[Texto editado da coluna de Artur Xexéo, publicado na Revista O GLOBO]
Sou escolado em Copa do Mundo. Estive na dos Estados Unidos, em 1994; na da França, em 1998; na da dobradinha Coréia e Japão, em 2002; e, finalmente, na da Alemanha, em 2006. E acho graça quando vejo preocupação com a qualidade de nossos hotéis ou até mesmo com a não existência de nossos hotéis.
Quem disse que na Coréia foi melhor? Ulsan, a cidade que abrigou alguns jogos em 2002, não tinha muitos hotéis e, aparentemente, não construiu nenhum para a Copa. O jeito foi acomodar jornalistas em motéis de alta rotatividade. E cara alegre.
Reclama-se que nossos taxistas, pessoal de restaurante, trabalhadores da área de serviços não falam inglês. Não saberemos nos comunicar com os turistas que estarão aqui. Pode ser. Mas sou testemunha de que, apesar da boa vontade da população local, sempre disposta a ajudar, no Japão só era compreendido quem falasse japonês. E todo mundo andava com cartãozinho do hotel no bolso. Pelo menos o caminho de volta estava assegurado.
Critica-se muito a nossa mobilidade (ou imobilidade) urbana e o fato de os metrôs espalhados pelo país terem pretensões tão humildes. Quem vê como ficam as estações da Zona Sul do Rio nas noites de réveillon já pode antecipar o caos nas estações que levam ao Maracanã.
Garanto que nada será pior que o metrô de Marselha na Copa de 98. Quem foi à cidade para assistir ao jogo entre as seleções de Brasil e da Noruega sabe do que estou falando. Era impossível o acesso a qualquer estação. Não havia nenhum esquema especial só porque era Copa do Mundo. E o Brasil ainda perdeu!
Mas houve uma coisa em comum entre as Copas que eu vivi e que, por enquanto, não faz parte da Copa do Brasil: os estádios eram impecáveis. Estavam todos prontos. Com os serviços funcionando perfeitamente. Não havia cadeiras inexistentes. Não havia filas nas lanchonetes. Não havia banheiros fechados. Não havia coberturas despencando.
Dizem que, com medo das vaias, Dilma não fará discurso antes do jogo de abertura. Dizem que a FanFest de Recife talvez não aconteça. Dizem que os taxistas de Salvador não aprimoraram seu inglês. Sem problemas. Ninguém vai a uma Copa do Mundo para ouvir discursos de presidentes, assistir a jogos em telões na FanFest ou conversar com taxistas. Mas todos os turistas esperam um estádio perfeito, confortável, com serviços funcionando e um gramado impecável. É por isso que eles pagam. E pagam caro.
POST-SCRIPTUM:
RUMO AO HEXA!
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