Neste ano de 2012 que findou muitos assuntos foram dignos de serem considerados especialmente importantes e significativos.
Tivemos, por exemplo, os aniversários de 50 anos de carreira de Gilberto Gil e Caetano Veloso, bem como o cinquentenário dos Beatles.
E seria imperdoável esquecer o centenário de nosso grande Jorge Amado, um dos maiores baluartes da literatura brasileira (e por que não dizer universal).
Tivemos a polêmica com relação à usurpação de grande parte dos royalties decorrentes da comercialização do petróleo explorado na plataforma continental de estados como Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Tivemos a continuação dos conflitos entre populações indignadas e seus governantes tirânicos em diversos países árabes (que levou a morte do ditador Kadafi na Líbia, por exemplo), bem como entre israelenses e palestinos no Oriente Médio.
Outro que também já foi tarde é o maluco do Bin Laden, enquanto que no Brasil perdemos o genial Oscar Niemeyer, para nossa tristeza. Tivemos o "golpe" em Wall Street e a escalada da crise econômica na Europa.
Não podemos esquecer também a atuação da Comissão da Verdade que denuncia a atuação criminosa de certas autoridades durante a ditadura militar no Brasil e a colaboração com regimes de exceção de outros países da América do Sul, conforme comprovam documentos revelados pelo atual governo brasileiro referentes a assim chamada "Operação Condor".
Enfim, como dito no início desta matéria, vários acontecimentos, todos dignos de serem lembrados como excepcionalmente significativos ou indicados como os mais importantes do ano que passou.
Entretanto, em minha modesta opinião, enquanto brasileiro não posso deixar de considerar com total sinceridade, entre vários motivos mas principalmente por seu significado histórico, que nada superou o julgamento dos envolvidos no "mensalão" e, principalmente, a atuação rigorosa e implacável do juiz e atual presidente do Supremo Tribunal Federal, sua excelência o ministro JOAQUIM BARBOSA.
Juro que nunca imaginei que viveria para ver o dia em que políticos corruptos fossem condenados pela justiça brasileira! E ainda por cima perdessem seus mandatos enquanto alguns notórios caciques da politicagem tupiniquim acabassem na cadeia! Viva! (Agora só falta prender o Maluf...).
Parabéns, portanto, à atuação honrada do STF; e aproveito para declarar meu voto simbólico a este fato como o mais importante de 2012 (e quiçá da História do Brasil), enquanto fico na torcida de que o ministro Barbosa se candidate à presidência em 2014, certamente acompanhado de milhões de outros brasileiros que o elegeriam cheios de orgulho e admiração.
Se bem que, pensando melhor, corremos o risco de que seu substituto imediato na presidencia do STF, o ministro Lewandowski, não seja tão rigoroso (o que ele já deu indicações óbvias de não ser) e que tudo volte a ser como antes, ou seja, acabe sempre em "pizza". Além do mais o ministro Barbosa ainda tem um mandato a cumprir como presidente do STF e, certamente, durante este período, fará um excelente trabalho de cobrança daquela cambada de deputados e senadores em Brasília que, com raras e meritórias exceções, só está no poder para se locupletar (vai olhar no dicionário!). Além do mais, nos dias de hoje, ser presidente da república não é mais lá essas coisas em termos de capacidade para acabar com certos vícios em nossa república. Parece até que o cargo está mais para um agente de relações públicas de luxo...
POST-SCRIPTUM:
Joaquim Barbosa nasceu em Paracatu, noroeste de Minas Gerais. É o primogênito de oito filhos. Pai pedreiro e mãe dona de casa, passou a ser arrimo de família quando estes se separaram. Aos 16 anos foi sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.
Foi Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (1976-1979), tendo servido na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia e, após, foi advogado do Serpro (1979-84).
Prestou concurso público para procurador da República, e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu mestrado e doutorado ambos em Direito Público, pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e 1993. Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi visiting scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000) e na Universidade da Califórnia Los Angeles School of Law (2002 a 2003). Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade. Foi indicado Ministro do STF por Lula em 2003.
Joaquim Barbosa é o primeiro ministro reconhecidamente negro do STF.
[DADOS BIOGRÁFICOS OBTIDOS NA WIKIPÉDIA]