[Editado a partir de um artigo publicado no jornal O GLOBO em 01.03.2014 da autoria de José Miguel Wisnik]
Todo o sentido crítico que se possa, toda a virada pelo avesso do padrão Fifa, exibido pela culatra, toda a remissão às misérias, às derrisões e aos terrores da doença brasileira, tudo está aí, nesse nome.
Mas também, no reconhecimento disso, a capacidade de afirmar a potência da cultura (com trocadilho), de rir das máscaras canastronas, de exercer o apetite de viver e, por incrível que pudesse ser e é, de marcar um lugar original no planeta. É claro que isso só pode ser afirmado em vista da grandeza artística do todo, e no modo como o espetáculo vai fundo na experiência social e vital do país.
A discutida camiseta da Adidas para a Copa, onde se estampa "I love Brazil" na forma de um coração-bunda, é uma versão limitada, mercadológica pitoresca e não assumida do fato de que se olha difusamente a Copa do Brasil como uma espécie de Copa do Cu do Mundo.
Não o quarto mundo, não o cu do mundo, mas a quarta dimensão do cu do mundo.
POST-SCRIPTUM:
"O futuro do Brasil é tão grandioso que não há abismo em que caiba." - Agostinho da Silva
Será mesmo? Espero sinceramente que sim, senão corremos o sério risco de atolar num esgoto metafórico...