sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O ATO ANALÍTICO (2)


[Trecho extraído do livro 'short story: os princípios do ato analítico', de Graciela Brodsky, publicado pela Contra Capa Livraria]


Passemos a 1912. "Recordar, repetir e elaborar" é a segunda grande entrada para a questão do ato no ensino de Freud. Nesse texto, há uma mudança de perspectiva.

Freud não se contradiz, mas é importante reconhecer que ele elabora o ato de outro lugar, baseando-se no que se opõe à rememoração.

Ele introduz a famosa expressão agieren, termo traduzido em inglês por Strachey como acting out. Agieren provém do latim agere: ato, atuação, ativo, atividade, ator, atriz.



A mesma raiz abarca essas diferentes modalidades do ato. Quando Freud o trabalha em "Recordar, repetir e elaborar", não o faz como o ato interpretável, mas sim como o ato que se opõe à rememoração que desenbocaria na interpretação.

Em outros termos, situa no ato algo contrário à lógica do inconsciente, uma vez que o inconsciente tem uma maneira de repetir-se e o ato, outra. Lacan aborda essas duas formas de repetição em O Seminário, livro 11, ao estabelecer a diferença entre tykhé e automaton.

Essas são, portanto, as duas grandes perspectivas de Freud sobre o ato: na condição de interpretável, remete a "A psicopatologia da vida cotidiana"; como o que se opõe ao inconsciente, a "Recordar, repetir e elaborar".



POST-SCRIPTUM:

Continua...

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PRECATÓRIOS


[Texto adaptado de notícia veiculada pelo jornal EXTRA]


Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) retomaram os trabalhos há duas semanas atrás, após recesso.

Com esse retorno, quatro recursos e uma ação que pedem a restituição das perdas das cadernetas de poupança por ocasião dos Planos Bresser, Verão e Collor I e II, nas décadas de 1980 e 1990, devem voltar à pauta de votações. Quase 400 mil processos em tribunais do país estão parados, aguardando a decisão da Corte.

O presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, garantiu que terão prioridade, em 2014, os julgamentos dos processos com repercussão geral. Esse tipo de decisão precisa ser repetido por outros juízes de todo o país, na análise de ações semelhantes.


POST-SCRIPTUM:

Fico daqui torcendo por aqueles que tem um interesse pessoal no assunto.

Mas será que eles terão que esperar por mais uma ou duas décadas?

Quem viver, verá...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

FIM OU COMEÇO?


[Adaptado de uma notícia publicada no jornal EXTRA]

A delegacia do Catete continua investigando a agressão a um adolescente espancado e preso, nu, a um poste com um a trava de bicicleta, na Av. Rui Barbosa, no Flamengo. A delegada Monique Vidal, abriu inquérito para apurar o crime de lesão corporal.

Nas redes sociais, internautas apoiaram a ação: "Acordem seus tapados... quem anda no Flamengo sabe... isso aí é ladrão que assalta senhoras e mulheres todos os dias... ele tem uma gangue... fizeram foi pouco... faltou álcool e isqueiro para 'esterilizar' o meliante..."

Pelas ruas do bairro da Zona Sul, moradores também reclamaram que a quantidade de usuários de 'crack' no Flamengo aumentou consideravelmente, trazendo a sensação de insegurança e desconforto:

   - A polícia não faz nada. Aí, chega um grupo de pessoas, que deve ter sido assaltada por alguns deles, e mete a porrada. É o jeito que arrumaram para se defender. Fazer o que? - afirmou um morador do bairro, que preferiu não se identificar.

POST-SCRITUM:

"Os Vingadores" tupiniquins? 

O fim não virá numa explosão pirotécnica de fogos de artifício, mas talvez num surdo gemido de agonia, melancólico e agonizante, lento e interminável...

Ou quem sabe um improvável cruzamento do "super-homem" de Nietzsche com o "cristo cósmico" de Teilhard de Chardin virá salvar a todos no último instante?

Não percam os próximos episódios!

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O ATO ANALÍTICO (1)



[Trecho extraído do livro 'short story: os princípios do ato analítico', de Graciela Brodsky, publicado pela Contra Capa Livraria] 


O tema do ato está presente em Freud e tem duas grandes entradas. A primeira está situada no começo de seu ensino, em  "A psicopatologia de vida cotidiana", de 1901. É um grande escrito sobre o ato, que pode ser posto na mesma série de outras formações do inconsciente, ou seja, em série com "A interpretação dos sonhos" (1900) e "Os chistes e sua relação com inconsciente" (1905), três textos que compõe a primeira tópica de Freud e a grande variedade que traz ao mundo: a ideia de que o inconsciente é interpretável, não se manifesta a céu aberto a não ser em seus retornos, em suas formações, sendo por meio desses que se pode explicar a hipótese do inconsciente.




Assim, é na perspectiva do ato falho ou do ato sintomático que o ato surge na psicanálise freudiana. "A psicopatologia da vida cotidiana" é uma grande classificação - não inteiramente segura - dos atos. 

Freud é guiado pela idéia de que os atos não são inocentes, não são meros movimentos e tem uma significação. Esta é a porta pela qual o ato entra na psicanálise. A partir de então, ninguém pode mais dizer que tomou um ônibus errado para ir a sua sessão porque dormiu pouco e estava cansado; ou que pega sua chave de casa ao chegar ao consultório do analista por hábito. Todos esses hábitos são interpretáveis, do mesmo modo que um sonho.

POST-SCRIPTUM:

Continua...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

QUE CALOR!!!




E o calor continua sem dar trégua aqui no Rio de Janeiro. 

Em 3 de fevereiro a temperatura chegou a 40,9 graus centígrados no bairro da Vila Militar, a marca mais alta desde 8 de janeiro de 2013 quando os termômetros chegaram a 40,9 graus, com sensação térmica de 52 graus!

Entretanto, a maior temperatura no Rio nesta época do ano foi em 26 de dezembro de 2012 quando a meteorologia registrou a marca de 43,2 graus centígrados no bairro de Santa Cruz.
Foi a mais alta temperatura registrada desde 1915, quando começaram as medições.      





Os metereologistas ligados à Prefeitura explicam que uma massa da ar seco sobre as regiões Sul e Sudeste estava impedindo a chegada de frentes frias, mantendo bem altas as temperaturas nestas regiões, com picos de até 42 graus.

Mas parece que vem um refresco por aí: a temperatura deve dar uma amenizada nos próximos dias com, finalmente, a chegada de uma frente fria vinda do sul do continente.


POST-SCRIPTUM: 

Agora só falta torcer prá não cair um toró daqueles de causar enchentes quando as águas de março e o Carnaval chegarem...


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

MANIFESTAÇÃO POPULAR OU GUERRA CIVIL?



Antes de tudo quero esclarecer que não apoio a velha tradição do "olho por olho, dente por dente". 

A morte do cinegrafista da Rede Bandeirantes, Santiago Andrade, foi um acontecimento lamentável que poderia ter sido evitado.



A "autoridade" pública provocou, em certa medida, novas manifestações de protesto ao aumentar o preço das passagens de ônibus municipais para R$ 3,00, mesmo sabendo que existem estudos que comprovam que o valor de R$ 2,50 já seria suficiente para cobrir as despesas das empresas. Ou seja, deveria, isto sim, BAIXAR o preço anterior de R$ 2,75 para R$2,50 e não AUMENTAR para R$ 3,00!!!

Quer dizer que foi uma provocação? Claro! E não esperava-se consequências? É óbvio que sim, até mesmo contava-se com elas.


 


O que os governos municipal e estadual do Rio de Janeiro queriam era só uma desculpa para endurecer contra os manifestantes, "descer o cacete", lançar bombas de gás e dar tiros com balas de borracha (que podem aleijar e até mesmo matar, sabiam?).

Só que eles não sonhavam que seus desejos seriam atendidos com tanta precisão. Os dois idiotas que participaram do atentado com o tal "rojão" que matou o jornalista "entregaram de bandeja" tudo que as "autoridades" queriam e muito mais.



O resultado é um inocente morto, os dois patetas na cadeia por uma boa temporada e o governo tirando uma de "bom moço", levando sua pseudojustiça "até as últimas consequências".

E A PASSAGEM CONTINUA A TRÊS REAIS!!! Maravilha, né? Fala sério...

 

Quando de minha postagem sobre o livro "Groucho-Marxismo", de Bob Black, ao conclamar os anarquistas a se unirem, estava naturalmente sendo irônico (pra quem não entendeu), até mesmo porque o anarquismo não possui uma única vertente, uma "doutrina codificada" (axé, Bakunin!) que una todos os que pensam diferente da mesmice entranhada nos corações e mentes das massas.

É, na verdade, um paradoxo, conclamar os anarquistas a se unirem, a não ser por breves momentos e por causas específicas. E é claro que eu sei disso.



  


Que ninguém se iluda: o sistema não vai cair se você jogar uma bomba nele. Ele simplesmente te joga 10, 100, 1.000 bombas e ainda conta com o apoio natural da mídia e da população, chocadas com a morte de alguém cujo único interesse era registrar fatos, informar no interesse até mesmo e principalmente dos manifestantes nos casos de violência policial.

Estes rapazes que agora serão tratados como criminosos comuns não passam de "bucha de canhão" numa estratégia imbecil e equivocada, incentivada sabe-se lá por quais interesses escusos.




Quanto pior, melhor? É, o PT já pensou assim também e olha aonde ele chegou. Bem alto, né? Só que, quanto maior a altura, maior a queda...

Resumindo, tudo tem sua hora e seu lugar. O movimento de rebelião tem sangue nas mãos e deu vários passos atrás com todo esse quadro lamentável.

O sistema ainda vai cair. Mas será de podre, sob seu próprio peso, e não sob pauladas e pedradas ou mesmo em consequência de "coquetéis moltov" ou fogos de artifício.

Li, não me lembro onde, que dar a outra face não é sinal de fraqueza, mas de protesto; pode bater o quanto quiser: daqui não saio, daqui ninguém me tira!

Que o exemplo de Gandhi e de Nelson Mandela nos inspirem no futuro e não o de uma dupla de garotos irresponsáveis e mal orientados.


POST-SCRIPTUM:

A luta continua. Mas é uma luta de consciências e não uma guerra civil. Infelizmente, parece que tem gente interessada na segunda opção...

E, com certeza, não é com isso que o povo brasileiro sonha.  



terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

MACONHA LIBERADA!



Sei que é notícia velha, mas foda-se: nunca é tarde demais para comemorar o bom-senso!

O Uruguai regulamentou (ou está prestes a fazê-lo) o uso da cannabis e, paralelamente, vários estados nos EUA também, ao longo do último ano.

Até que enfim está entrando na cabeça dos políticos que a proibição é o pior caminho para encarar o problema do eventual abuso e dependência.

Com a regulamentação legal torna-se muito mais fácil o controle da venda (com as respectivas vantagens fiscais decorrentes) e do uso desta erva que "ameniza a pressão", como diria o bom e velho RAPPA.
      
Agora só resta esperar que no Brasil os políticos e falsos moralistas abram os olhos e "façam a cabeça".


POST-SCRIPTUM:

Não tem nada a ver com o assunto, mas, mesmo assim, lá vai: tô com uma leve desconfiança de que essa Copa do Mundo vai ser, no mínimo, complicada. 

Isso se não for um fracasso total, com tanta roubalheira, atraso em obras e descaso com a população.   

Até que seria uma boa lição pra quadrilha do Congresso...