A partir de meados do séc. VI a.c. a Grécia passa a usufruir de relativa estabilidade política e econômica. A vida na pólis está organizada sobre bases bem definidas e sob o controle de grupos aristocráticos reduzidos. O comércio intensifica-se com o intercâmbio cada vez mais frequente entre as cidades.
Tal atividade atinge seu ponto mais alto nas colônias da Ásia Menor e da Itália meridional, o que trouxe a estas cidades grande riqueza e prosperidade, o que por sua vez gerou populações de elevado nível cultural. Aliado a isto devemos lembrar da considerável liberdade que dispunham em virtude da distância em relação à pátria-mãe.
Desse modo, foram as condições sociais, políticas e econômicas favoráveis que propiciaram o nascimento e o florescimento da filosofia que, passando depois à Grécia propriamente dita, atingiu seu auge justamente em Atenas, a cidade-estado onde reinou a maior liberdade desfrutada pelos gregos à época.
Durante o séc. V a.c. surge a sofística, despertando um interesse singular principalmente em Atenas que, após importantes vitórias sobre os persas, impõe-se como o maior centro cultural e político da Grécia. As razões de ordem filosófica que permearam o desenvolvimento da sofística podem ser encontradas no quadro pouco animador decorrente do resultado do esforço especulativo da metafísica durante quase dois séculos.
Os filósofos haviam pesquisado a suposta causa primeira de todas as coisas sem chegar a conclusões definitivas. Diante desse quadro os pensadores passaram então a estudar o homem em sua profundidade a fim de determinar com exatidão o valor e o alcance de sua capacidade cognitiva.
Contribuiu também para o aparecimento da sofística exigências de ordem política. A vida na pólis impunha a todos os cidadãos livres que se dedicassem à atividade política, tanto por injunções de ordem particular quanto comunitária.
Curiosamente, à época, a sofistica usufruía de um respeito e de uma reputação que nada tinha a ver com a conotação negativa que passou a ter posteriormente em virtude da divulgação paulatina do ponto de vista crítico de Platão e Aristóteles, tendo gozado de notável prestígio por séculos.
A sofística, na verdade, era considerada uma arte e uma técnica de convencimento argumentativo indispensável ao funcionamento da democracia ateniense e que era ensinada por mestres em troca de pagamento aos cidadãos abastados e dispostos a tal transação, o que lhes dava uma vantagem indiscutível nas assembleias públicas.
POST-SCRIPTUM:
Que me perdoem certos sábios da Antiguidade, mas tais característica extrínsecas à essência da sofística não lhe tiram, de forma alguma, seu mérito teórico e valor prático.