segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

IMPERADOR DO BRASIL?



Num país como o nosso (não que isso seja um "privilégio" exclusivo) em que a corrupção é a regra, devemos sempre comemorar a condenação pela Justiça (e a consequente prisão) de 'gangsters' como, por exemplo, o bicheiro CARLINHOS CACHOEIRA, mesmo que alguns possam considerar este assunto específico "notícia velha", ainda que relacionado diretamente à postagem anterior e, por isso mesmo, digno de ser comentado.





Há alguns meses atras, quase no início deste embróglio envolvendo políticos corruptos e o citado indivíduo, o jornalista ROBERTO POMPEU DE TOLEDO escreveu um comentário a respeito em sua coluna na revista VEJA. Apesar de ter sido publicada no final de maio de 2012, há um trecho bastante relevante e irônico que eu faço questão de transcrever:

"Já que deputados e senadores não se mostram dispostos a debruçar-se sobre as falcatruas atribuídas a Carlos Cachoeira, poderiam inquiri-lo sobre sua infância, os sonhos de adolescente, os amores. A essas questões talvez ele respondesse, e isso ajudaria na decifração do enorme, crucial enigma que nos põe esse personagem: afinal, o que queria ele? Aonde queria chegar? Carlos Cachoeira, segundo o apurado até agora, herdou um ponto do bicho do pai, que por sua vez o tinha recebido do campeão do jogo do bicho carioca, o falecido Castor de Andrade.

Pois bem, A ambição do bicheiro, normalmente, não vai além de comandar uma escola de samba. Carlos Cachoeira mirou mais alto. Duplicou os negócios ilegais com os legais. Estabeleceu-se na indústria farmacêutica e, ao que tudo indica, na empreiteira de obras públicas. Ao longo do caminho, embrenhou-se entre os políticos. O bicheiro tradicional também recruta políticos, mas não mais do que para proteger suas atividades de contraventor. Cachoeira queria mais. A rede de políticos a seu serviço sugere um aparato de infiltração nas estruturas do estado. As vantagens econômicas daí decorrentes são evidentes. As portas se abrem para negócios em que o estado é o grande comprador, como a indústria farmacêutica e a empreita.

Mas isso ainda não é tudo. Talvez até seja o de menos. As gravações da Polícia Federal indicam um gosto extremado por essa substância menos palpável, que é o poder. Cachoeira vinha bem nesse quisito. O governador de Goiás, num telefonema, chama-o de "liderança". O senador Demóstenes Torres, em muitos, trata-o de "professor". Nas conversas, os políticos soam como empregados, ou como reverentes vassalos. Mas Cachoeira ainda não estava satisfeito. Numa das gravações, trata com um assesor da compra de um partido político. Há muitos à venda no país, e ele só não fechou negócio porque considerou o preço alto. Sobre a questão: por que quereria um partido político? Essa questão se desdobra em outra: aonde pretendia chegar? E esta em outra ainda: aonde chegaria, caso seu caminho não fosse cortado pelas investigações? Uma aposta razoável é que acabaria imperador do Brasil."      


[trecho de comentário publicado na revista VEJA]





POST-SCRIPTUM:






Espero que outros casos como este (principalmente nesta época de contratos entre governo e iniciativa privada para construções e reformas de estádios para a Copa do Mundo de 2014) venham à tona e que possamos assistir a outros canalhas da mesma estirpe passarem umas "férias" merecidas atrás das grades.

Fico daquí fazendo figa...