[Trecho editado do artigo "A beleza de ser o que é" de autoria de Suzana Velasco publicado na Revista O GLOBO]
A eleição da atriz negra Lupita Nyong'o, 31 anos, como a mulher mais bonita do mundo pela revista "People", no fim do mês passado, não tem o poder de acabar com o preconceito nem em Hollywood nem no resto do mundo.
Não muda o fato de que, no Brasil, há o dobro de negras e pardas no serviço doméstico em comparação às mulheres brancas, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE de 2013.
Tampouco transforma a diferença no rendimento mensal das mulheres negras - que corresponde a 56% da renda das brancas, e não chega à metade daquela dos homens brancos, segundo o "Dossiê mulheres negras", elaborado no ano passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Mas a escolha de Lupita, vencedora do Oscar 2014 de atriz coadjuvante pelo filme "12 anos de escravidão", de Steve McQueen, causou, em mulheres do mundo todo, orgulho de ver no pódio da beleza uma negra de cabelo natural, pele reluzente, boca e nariz grossos.
Negras, jovens e bonitas, elas conhecem o preconceito, mas abandonaram os produtos químicos para os fios e assumiram seus traços - como a própria atriz de origem queniana, que disse estar feliz porque outras meninas como ela se sentiriam "mais vistas".
Em discurso no prêmio Mulheres Negras em Hollywood, em fevereiro deste ano, Lupita contou como foi importante se espelhar em outras mulheres para se sentir bonita, como a modelo anglo-sudanesa Alek Wek.
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