Penso que a verdadeira arte nunca perderá suas características fundamentais, mesmo quando eventualmente se utilize das linguagens da produção cultural de massas como matéria-prima para expressar-se, como nos casos da arte moderna ou da pop-art dos anos 60, por exemplo. Quanto ao fenômeno específico da indústria do entretenimento, condena-lo simplesmente é uma atitude no mínimo inócua. Caberia antes, isto sim, procurar compreendê-lo pragmaticamente - sua gênese, consequências e relevância para a sociedade e o indivíduo - através de ferramentas antropológicas e sociológicas específicas e pertinentes.
Observando mais atentamente o preconceito disseminado com relação a certos veículos de comunicação de massa como a TV e as histórias-em-quadrinhos (também conhecida como 'banda desenhada' em Portugal ou 'comics' nos países de língua inglesa) podemos traçar um paralelo com o cinema em seus primórdios, por exemplo.
A produção cinematográfica, nos dias de hoje, apresenta um perfil nitidamente empresarial ligado à indústria do entretenimento, não obstante as pretenções artísticas de alguns diretores. Apesar disso não há como negar ao cinema atual o 'status' merecido de forma de arte contemporânea, dotada de linguagem própria e padrões específicos de avaliação, tendo em vista os resultados no mínimo interessantes por ele alcançados. Entretanto, quando surgiu, no início do século XX, o cinema era visto tão somente como uma curiosidade sem futuro.
O mesmo raciocínio, respeitadas as características, limitações e potencialidades específicas de cada veículo, poderia ser estendido às HQs e a televisão. Em sua essência elas são neutras, mas o uso que se fizer delas atualmente pode ter um alcance e uma significação diferenciados no futuro.
E a internet? Será que algum dia poderemos falar numa "arte internética"? É um caso a se pensar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário