terça-feira, 3 de novembro de 2009

GAIA CIÊNCIA





































MINHA FELICIDADE

Depois de estar cansado de procurar
Aprendi a encontrar.
Depois que um vento se opôs a mim
Navego com todos os ventos.



AOS VIRTUOSOS

Até mesmo nossas virtudes devem ter o passo leve:
Para ir e vir, como os versos de Homero.



O DESDENHOSO

Como ando semeando ao acaso
Tratam-me de desdenhoso.
Aquele que bebe em copos muito cheios
Deixa-os transbordar ao acaso -
Não continuem a pensar mal do vinho.



A PALAVRA AO PROVÉRBIO

Severo e suave, grosseiro e fino,
Familiar e estranho, sujo e puro,
Lugar de encontro dos loucos e dos sábios:
Eu sou, quero ser tudo isso,
Ao mesmo tempo pomba, serpente e porco.



O CORAJOSO

Mais vale uma inimizade de boa madeira
Que uma amizade feita de madeira colada!



FERRUGEM

Necessitas também de ferrugem: ser cortante não basta!
Senão dirão sempre de ti: "É muito jovem!"



ALMAS PEQUENAS

Odeio as almas pequenas:
Não tem nada de bom e quase nada de mau.



CONTRA A VAIDADE

Não te infles, caso contrário,
A menor picada te fará explodir.



INTERPRETAÇÃO

Se vejo claro em mim, eu me envolvo em mim mesmo,
Não posso ser meu próprio intérprete.
Mas aquele que se eleva sobre seu próprio caminho
Leva com ele minha imagem à luz.



REMÉDIO PARA O PESSIMISTA

Tu te queixas porque não encontra nada a teu gosto?
Então, são sempre teus velhos caprichos?
Ouço-te praguejar, gritar, escarrar -
Perco a paciência, meu coração se despedaça.


Ouve, meu amigo, decide-te livremente,
A engolir um pequeno sapo gordo,
Depressa e sem quere olhar para ele! -
É remédio soberano contra a dispepsia.



O VIAJANTE

"Acabou o atalho! Abismo em volta e silêncio de morte!"
Assim o quiseste! Por que deixas-te o atalho?
Atrevido! É o momento! O olhar frio e claro!
Estás perdido se acreditas no perigo.



O SOLITÁRIO

Detesto tanto seguir como conduzir.
Obedecer? Não! E governar, nunca!
Aquele que não é terrível para si, não incute terror a ninguém,
E só aquele que inspira terror pode comandar os outros.
Já detesto guiar-me a mim próprio!


Gosto, como os animais da floresta e dos mares,
De me perder durante um bom tempo,
Acocorar-me, sonhando, em desertos encantadores,
De me chamar a mim mesmo, por fim, de longe,
E de me seduzir a mim mesmo.



SEM VONTADE

Seu olhar é sem vontade e vocês o honram por isso?
Pouco lhe importam suas honras;
Tem o olho da águia, olha para longe,
Não os vê! Apenas vê estrelas, estrelas!



HERACLITISMO

Toda a felicidade na terra
Amigos, está na luta!
Sim, para tornar-se amigo
É necessária a fumaça da poeira!


Em três casos os amigos estão unidos:
Irmãos diante da miséria,
Iguais diante do inimigo,
Livres - diante da morte!



CONSELHO

Aspiras à glória?
Escuta, pois, um conselho:
Renuncia a tempo, livremente,
À honra!



JUÍZO DOS HOMENS FATIGADOS

Todos os esgotados amaldiçoam o sol:
Para eles o valor das árvores - é a sombra!



O CÉTICO FALA

A metade de tua vida já passou,
O ponteiro avança, tua alma estremece!
Há muito tempo já ela gira,
Ela procura e não encontrou - e ainda hesita?


A metade de tua vida passou:
Foi dor e erro, de hora em hora!
Que procuras ainda? Por quê?
- É justamente o que procuro - o que eu procuro!



ECCE HOMO

Sim, sei de onde venho!
Insatisfeito como a labareda,
Ardo para me consumir.
Aquilo em que toco torna-se luz,
Carvão aquilo que abandono:
Sou certamente labareda.



(Trechos selecionados de "Brincadeira, Astúcia e Vingança - Prelúdio em Rimas Alemãs" in Nietzsche, "A Gaia Ciência")


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

JUDAÍSMO



























[Adaptado de um artigo publicado na 'Folha de São Paulo' da autoria de Mateus Soares Azevedo, jornalista e ensaísta, mestre em história das religiões pela USP e autor de "Mística Islâmica", Ed. Vozes, 2002]



"Insensatos, prestai atenção: recebei minhas instruções com maior gosto do que se recebêsseis dinheiro, pois a Sabedoria vale mais do que todas as riquezas. Comigo estarão a glória, a opulência e a justiça. Feliz o homem que ouve a Sabedoria."




Extraídas dos Provérbios, de autoria de Salomão, são as palavras da "Sabedoria" personificada. Elas assinalam o lugar privilegiado do conhecimento no judaísmo, tradição monoteísta que tem seu eixo num livro sagrado. A 'Torah' (que corresponde ao Pentatêuco, os cinco primeiros livros da Bíblia) contém os Dez Mandamentos, principal legislação do Ocidente dos últimos 3.000 anos.

Até hoje não colocada em prática ("não matarás, não roubarás..."), é tão central que ultrapassou suas fronteiras originais, sendo incorporada pelo cristianismo e pelo islã. Distintamente dessas religiões missionárias, que buscam prosélitos entre todos os povos, o judaísmo não busca conversos e só raramente os aceita.

O judaísmo legou também os Salmos de Davi, venerados pelos cristãos, e os livros sapienciais de Salomão. Davi fez de Jerusalém sua capital, há 3.000 anos, e Salomão construiu o Templo. Destruído em 600 a.C. e reconstruído, foi arrasado em 66 d.C. pelos romanos. O Muro das Lamentações é o que restou dele.

A derrota para os romanos marca a Diáspora - a difusão dos judeus pelo mundo. Curiosamente, a despeito das tensões, suas comunidades somente prosperaram em terras do islã ou do cristianismo. Vem da Espanha muçulmana um dos ápices de sua cultura, com espetacular florescimento da mística e da filosofia, como testemunhado pelo 'Zohar - Livro do Esplendor' -, principal exposição do esoterismo judaico, e pelas obras de Maimônides.

Há ainda o messianismo. Em oposição ao cristianismo e ao islã, para os quais o Messias já veio, certa vertente do judaísmo sustenta que ele ainda está por vir, não necessariamente na forma de uma pessoa, como Jesus ou Maomé, mas certamente para implantar paz e justiça universais. Algo como uma Nova Era sem data marcada. Imagina-se então o fim da Diáspora.

Não se deve confundir essa concepção com o moderno sionismo. Sua ideologia nacionalista e expansionista é uma secularização do ideal messiânico. O sionismo não é parte constitutiva da religião; ainda hoje rabinos se lhe opõem tenazmente, como Moshe Hirsch, de Jerusalém, que prega a devolução integral das terras tomadas na Palestina.


http://olharglobal.blogspot.com/2008/02/judaismo-anti-semitismo-sionismo.html

SUBSTITUTOS






































Escrita por Robert Venditti e desenhada por Brett Weldele, "The Surrogates" é uma das histórias-em-quadrinhos de ficção-científica de maior repercussão nos Estados Unidos nos últimos tempos.

Isso se deve em muito ao fato de ter dado origem a um filme do mesmo nome - batizado no Brasil como "Substitutos" - estrelado por Bruce Willis e dirigido por Jonathan Mostow (de "Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas").

O ponto central da trama original (na HQ), que se passa em Central Georgia Metropolis em 2054, são os assim-chamados 'substitutos', uma combinação de robôs e inteligência artificial que permite às pessoas viverem suas vidas remotamente em corpos artificiais, aparentememte sem correr nenhum risco a sua integridade física. Estes substitutos são equipados com sistemas cibernéticos de 'feedback' sensorial que permitem ao proprietário/operador o controle do mesmo como se estivesse presente no local.

Vale a pena assistir ao filme que, se não chega a ser totalmente fiel a sua fonte de inspiração, também não subverte o tema original a ponto de torná-lo irreconhecível, além de ser uma produção satisfatoriamente competente e interessante por seus próprios méritos.






O MECANISMO DE ANTICÍTERA: CALCULADORA ASTRONÔMICA DA GRÉCIA ANTIGA






















(Condensado e traduzido a partir do artigo “Decoding the ancient Greek astronomical calculator known as the Antikythera Mechanism”, publicado na revista Nature #444, pp. 587-591, de 30 de novembro de 2006, da autoria de T. Freeth, Y. Bitsakis, X. Moussas, J. H. Seiradakis, A. Tselikas, H. Mangou, M. Zafeiropoulou, R. Hadland, D. Bate, A. Ramsey, M. Allen, A. Crawley, P. Hockley, T. Malzbender, D. Gelb, W. Ambrisco e M. G. Edmunds)



O mecanismo de Anticítera é um dispositivo único, construído na Grécia em torno do final do século II A.C., que permitia calcular e exibir informações celestes, particularmente ciclos como as fases da lua e um calendário lunar-solar.

Calendários eram extremamente importantes para as sociedades antigas, tanto no que se referia à regulação das atividades agrícolas quanto na fixação de festividades religiosas. Os eclipses e os movimentos planetários eram por vezes interpretados como augúrios, mas podemos supor que a invariável regularidade dos ciclos da astronomia deve ter sido filosoficamente atraente em um mundo incerto e violento.

Batizado com o nome do local de sua descoberta em 1901 em meio aos destroços de um naufrágio romano ocorrido na Antiguidade (cerca do séc. I A.C.), o mecanismo de Anticítera é tecnicamente mais complexo do que qualquer dispositivo conhecido que tenha sido construído até pelo menos um milênio depois.

Suas funções específicas permaneceram controversas durante várias décadas em virtude do estado fragmentário de suas engrenagens e das inscrições em suas faces, após ter permanecido submerso por tantos séculos.























Em decorrência de exaustivas pesquisas, efetuadas por intermédio de tomografia radiográfica de alta resolução dos fragmentos encontrados, foi possível reconstruir o mecanismo e decifrar suas inscrições numéricas. Sua função seria a de prever eclipses lunares e solares usando como base os ciclos de progressão aritmética babilônicos. As inscrições dão respaldo também à suposição de exibição mecânica das posições planetárias, uma parte do artefato que se supõe tenha-se perdido no referido naufrágio.

No século II A.C., Hiparco desenvolveu uma teoria para explicar as irregularidades do movimento aparente da lua pelo céu, as quais seriam causadas por sua órbita elíptica. Podemos encontrar uma aplicação prática desta teoria na utilização do mecanismo, revelando um inesperado grau de sofisticação técnica para o período.


http://www.nature.com/nature/journal/v444/n7119/abs/nature05357.html



terça-feira, 29 de setembro de 2009

TUDO OU NADA



























O Nada pode explicar o Tudo?
Mas o Tudo não explica o Nada...


Ou seria melhor dizer:
Nada disso explica tudo
E tudo isso explica nada?


Não explique tudo;
Isso é nada!


Os hinduístas chamam a realidade última de Aquilo,
E dizem que só Aquilo explica isso.


RELIGIÃO, SUPERSTIÇÃO E PRECONCEITO


























Tanto a religião quanto a superstição contradizem a lógica formal.

Mas a lógica formal não explica necessariamente a totalidade das experiências existenciais. Existem outras formas de lógica que não a formal que podem ser úteis na compreensão de certos fenômenos.

Acredito que muitos tenham, no mínimo, ouvido falar ou lido a respeito das possibilidades ontológicas do pensamento matemático, notadamente no campo da teoria dos conjuntos, por exemplo.

Ou sobre as reflexões (ainda que em contextos diversos) a respeito do "mistério", explícitas ou implícitas, feitas por pensadores como Spinoza, Leibniz, Hegel, Heidegger, Nietzsche, Cantor, Jung, Krishnamurti, Mircea Eliade, David Bohm, Alan Badiou e muitos outros.

Ou ainda a respeito da filosofia existencial imanente aos ensinamentos de diversas religiões consideradas "exóticas", como o budismo, o taoísmo e o induísmo.

Segundo algumas linhas de pensamento das tradições filosófica e teológica ocidentais, ou bem Deus está fora do mundo "real, existente" e não interfere em absoluto com o mesmo (e, portanto, é inútil) ou é onisciente e onipotente e interfere sempre, ou, pelo menos, a seu bel-prazer (sendo, portanto, tirânico ou, no mínimo, fútil). Parece impossível conciliar os dois sentidos. Ou não? Será possível imaginar tal quimera, desde que a despojemos de certas idiossincrasias e antinomias?

É por esta razão (o conflito resultante entre as várias concepções de "Deus") que o monoteísmo absoluto nunca existiu, a não ser de uma forma disfarçada. Parte do Antigo Testamento, por exemplo, especialmente o Gênesis, é uma "colcha de retalhos" costurada com versões de textos caldeus mais antigos, entre outras possíveis fontes.

Para uma visão lógica, coerente e consistente do conceito de "Deus" há que se conciliarem lógicas, coerências e consistências diversas, definindo âmbitos diversos de significação e atuação.

Resumindo: mesmo que haja um "Deus" único (entendido como fundamento ontológico originário, seja imanente ou transcendente), este desdobra-se e subdivide-se necessariamente em "deuses" diversos: por exemplo, a hierarquia gerativa dos conceitos, entre outras possibilidades.

O mesmo raciocínio pode ser transportado para a questão da "natureza" da personalidade humana. Somos um, muitos ou (paradoxalmente) ambos?

Tanto a "personalidade" de Deus quanto a personalidade do homem só se definem por uma coerência que escapa à lógica formal (ou seja, pela constatação de que ser paradoxal não é o mesmo que ser contraditório).

Não obstante, conforme já foi observado, existe efetivamente muita contradição (e superstição) no pensamento religioso tradicional.

A homofobia, por exemplo, faz parte dos supostos ensinamentos de Jesus? Penso que não. Entretanto - e lamentavelmente de uma forma agressiva e virulenta - a condenação ao homossexualismo é explícita no Antigo Testamento. Como conciliar o "amar ao próximo como a ti mesmo" com um preceito bíblico que pode chegar aos limites da intolerância radical?

Alguns diriam que "Deus ama o pecador, mas não o pecado". Mas fazer milhares de pessoas se sentirem miseráveis por conta de sua orientação sexual é uma forma válida de demonstração de amor?

O próprio conceito de religião, tanto em sua etimologia ("re-ligação" com uma suposta "autoridade" exterior) quanto em sua história, remete a uma relação de dominação-submissão. É neste sentido que defendo um entendimento diferente do "fenômeno religioso", calcado numa abordagem imanente e transpessoal.

Como bem colocou o ex-pastor protestante e homossexual assumido Sérgio Viula numa entrevista, "o homem pode viver sem religião. Viver sem religião não é ser a-ético ou anti-ético. Ética é a arte de viver bem, com o maior índice de felicidade possível, interferindo o menos possível na felicidade alheia."

E eu acrescentaria, por minha própria conta, que ser imbuído de uma intuição do sagrado não implica necessariamente em seguir cegamente esta ou aquela concepção do que seja religião.

Faz-se mister que a justa importância concedida à liberdade de culto para os praticantes e seguidores de qualquer religião seja estendida à liberdade de expressão daqueles que se pretendem ateus ou de alguma forma duvidantes, e que sua posição seja considerada com o mesmo respeito.

Já houve perseguições e massacres suficientes ao longo da História entre adeptos de diferentes credos, bem como contra aqueles que optaram por manter uma atitude agnóstica ou de descrença em relação à fé religiosa. Chega de mártires e guerras santas. Respeitemo-nos uns aos outros na diversidade.  

Entretanto, não se pode fechar os olhos, os ouvidos e a boca - como aqueles três macaquinhos - quando a barbárie se manifesta, a partir de concepções religiosas, em atitudes violentas e humilhantes para com as mulheres, os homossexuais, as crianças e todo aquele que não se encaixe no modelo de "normalidade" preconizado por grupos ou governos (religiosos ou seculares), seja no Irã, na China, em Israel, na Coréia do Norte, em Cuba, no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo.       

Religião e política são como água e óleo. Não foram feitas para se misturar, assim como intolerância não combina com democracia. E nunca é demais lembrar que a minha liberdade termina onde a do outro começa, e vice-versa.

Que fique bem entendido: este texto não é um panfleto contra ou a favor da religião (ou do homossexualismo, por sinal). É pura e simplesmente uma declaração de independência intelectual e de repúdio direcionado a todo e qualquer tipo de opressão e preconceito, sejam religiosos, sexuais ou de qualquer outro tipo.


domingo, 2 de agosto de 2009

COOPERAÇÃO OU EXTINÇÃO?



























A guerra sempre foi inerente ao homem em sua escalada civilizatória na mesma medida em que a violência e o conflito, de uma forma ou de outra, são também inerentes à própria existência como um todo, o que é fácil de constatar se tivermos a honestidade intelectual de observar a realidade em todas as suas instâncias com a devida isenção.

Podemos supor, entretanto, que o 'homo sapiens' esteja também sujeito à evolução social, além da biológica, e que a mesma, eventualmente, reforce a tendência a sofisticar as formas de resolução dos conflitos, substituindo a opção das guerras propriamente ditas por outras menos violentas como, por exemplo, o debate e a diplomacia.

Quando falo em ‘evolução social’ devo admitir que o faça baseado em certas observações empíricas inegavelmente discutíveis (o paralelo com a evolução biológica, por exemplo), porém não totalmente descabidas; mas também o faço por uma opção pragmática (prefiro apostar que ‘o copo está meio cheio’ do que ‘meio vazio’) e por convicção ideológica (uma fé difusa e aparentemente irracional no potencial do gênero humano, mas as aparências às vezes enganam). Entretanto não acho desejável a opção pela extinção completa da agressividade, uma vez que é dela, em última análise, que depende o instinto de sobrevivência de qualquer organismo vivo.

A questão da guerra, especificamente, assim como outras questões que envolvem interesses particulares de indivíduos ou grupos, não será resolvida com um discurso moral por si só decadente e inócuo. E ainda que manipulados por líderes desonestos, os homens continuam acreditando que fazem a guerra por motivos justos. Aliás, o que mais temos hoje são guerras ‘justas’, segundo o mesmo padrão que se usa para afirmar que a guerra é ‘imoral’.

Diz-se que a necessidade é a mãe da invenção; somente quando chegarmos ao ponto em que o homem perceba, se é que o fará (só nos resta torcer que sim), que a sobrevivência da espécie está ameaçada e que a cooperação é a única saída viável poderemos, talvez, nos tornar algo diferente do que temos sido no último milhão de anos.


"Se pensarmos em quantas coisas além de fronteiras entre estados as guerras da história decidiram, temos de sentir um respeitoso assombro, a despeito de todos os horrores. Nossa verdadeira civilização, tão boa quanto ruim, teve as guerras passadas como condição determinante" (William James)


DESTINO E O SENTIDO DA VIDA





































A questão de haver ou não um sentido ou propósito para a vida depende simplesmente da opção consciente de cada ser pensante. Tais coisas não existem independentes de quem as concebe; somos nós, tanto enquanto indivíduos quanto coletivamente, que decidimos se as há ou não, e quais seriam as mesmas, ainda que sujeitos ao ambiente cultural em que nascemos.

Quanto ao ‘destino’, é mais provável que não exista, pelo menos não de forma absoluta; certamente existe alguma pré-determinação, decorrente seja das condições iniciais do próprio universo, seja da nossa circunstância imediata, manifestando-se como certa tendência imanente; entretanto é razoável acreditar que, ainda assim, certamente deve haver um amplo espaço para que criaturas inteligentes interfiram de forma significativa no desenvolvimento do próprio universo como um todo, bem como no de suas próprias vidas individuais.

Apesar de que, de certa forma, uma distinção rigorosa entre 'destino' e 'acaso' talvez não passe de uma questão semântica. É o que alguns filósofos chamariam de "um falso problema", uma vez que, se existirem, não há como termos controle sobre um ou outro, por mais que criemos artifícios inteligentes para tentar, supostamente, contorná-los e que garantam de forma definitiva e absoluta nossa tão venerada segurança, nem nosso tão desejado conforto, num universo que só se deixa compreender até certo ponto. 

Como bem coloca Jennifer Michael Hecht, a autora do livro 'Dúvida: Uma História', "vivemos entre duas realidades divergentes: existe um mundo em nossa cabeça - e em nossa vida, enquanto não somos contrariados pela morte ou pela catástrofe - e um mundo para além da vida humana - também real, mas onde não há mostras de providência ou valor, planejamento ou julgamento, amor ou alegria", pelo menos aparentemente, eu diria. E continua: "vivemos em meio a uma ruptura de significados porque somos humanos e o universo não é".

"Passamos a vida inteira às voltas com um mistério intrigante e nem sequer temos esperança de chegar a uma resposta, se é que alguma existe. (...) os problemas precisam ser resolvidos, mas os mistérios têm de ser desfrutados intactos - aliás seríamos mais felizes se encarássemos o universo e a existência como mistérios."

Pode-se até discordar no todo ou em parte, mas não há como negar que faz mais sentido do que muitas idéias religiosas que circulam por aí prometendo recompensas ou castigos eternos no além-túmulo.

Toda essa questão relativa à oposição entre uma realidade acidental ou necessária nos obriga também a contemplar o lugar do "livre-arbítrio" nesse esquema de coisas; destino, acaso, ação voluntária: parafraseando a atividade matemática, como formular uma 'equação' que dê sentido vital a nossa existência tão particular como entidades pensantes, tanto individual quanto coletivamente, utilizando tais 'incógnitas'? E quais conjuntos de regras e axiomas poderíamos imaginar a fim de dar consistência a tal empreitada?

A relatividade geral de Einstein; o princípio da incerteza de Heisenberg; a Teoria do Caos; o estudo dos Fractais; os números transfinitos de Cantor; o teorema da incompletude de Gödel; a lógica paraconsistente; as relações sutis e nem um pouco óbvias entre a matemática, a música e a poesia; a mitologia comparada; as diversas práticas divinatórias e os exercícios físicos e psicológicos preconizados por tradições místicas tanto ocidentais quanto orientais. Estas e inúmeras outras conquistas do pensamento tanto científico quanto religioso, mas acima de tudo filosófico, podem nos dar pistas significativas para apontar o 'caminho' (ou 'caminhos').

Caminho este que - segundo as mais eminentes tradições espirituais (o Zen-budismo, a Kabbalah, o Sufismo, o Taoísmo, etc.) - é mais importante que o porto de chegada. Até porque (e pedindo licença a Fernando Pessoa) tal porto não está lá para que atraquemos nossas míseras - ainda que imponentes - caravelas, feitas de imaginação e vontade, que navegam, com precários - mas também não menos imponentes - instrumentos, sobre o oceano do Abismo. 

Entretanto, algumas daquelas mesmas tradições veneráveis dizem que tal porto está bem perto: aqui mesmo, dentro de nossos corações e mentes, a apenas algumas remadas de distância do egoismo e da vaidade...

Tudo isto me lembra a cena final do filme "Forrest Gump - O Contador de Histórias" em que o protagonista tem uma 'conversa' com sua falecida esposa diante do túmulo da mesma: 

"Minha mãe dizia que a morte faz parte da vida. Eu queria que não fizesse. Eu não sei se cada um de nós tem um destino ou se estamos apenas flutuando por aí, ao acaso, numa brisa. Mas eu acho que são ambos. Talvez as duas coisas estejam acontecendo ao mesmo tempo".


GRANT MORRISON E SUPERMAN




Grant Morrison (autor da HQ adulta e anarco-psicodélica “The Invisibles”), famoso pela abordagem pouco convencional de suas narrativas, concedeu há algum tempo atrás uma entrevista onde fez comentários a respeito do ‘Superman’ e dos ‘super-heróis’ em geral, no contexto da cultura ‘pop’ globalizada:

"Nós desconstruímos nossos ícones. Sabemos que os políticos são uns mentirosos filhos da puta e que os ‘superstars’ da música, do cinema e da TV são viciados em drogas, maníacos sexuais ou meros idiotas egoístas e narcisistas, bem como que as lindas supermodelos são bulímicas neuróticas e caóticas e que nossos comediantes prediletos vão virar alcoólatras pervertidos ou deprimidos suicidas. Os diversos ‘reality shows’ da vida colocam diariamente um espelho escaldante diante das nossas caras de babuíno e das nossas obsessões óbvias e ridículas pela sujeira mais baixa e a fofoca mais inútil. Sabemos que estamos destruindo a atmosfera e extinguindo os ursos polares, mas nem ao menos temos mais energia para sentir culpa. Que os pedófilos levem nossas crianças: não há mais a quem recorrer ou culpar, fora, paradoxalmente, aqueles ‘caras’ levemente medievais que começaram a revolução industrial. No que resta acreditar? O único homem de verdadeira moral e de verdadeiro coração que nos resta é um personagem fictício dos quadrinhos! Os únicos modelos seculares a serem seguidos em uma cultura supostamente progressista, responsável, racional-científica e iluminada são, por incrível que pareça, Kal-El de Krypton, mais conhecido como ‘Superman’, e seus descendentes multicoloridos.”

E aí?






domingo, 28 de junho de 2009

INCONSCIENTE COLETIVO




Quando se fala em Deus ou deuses vem-nos logo à consciência a concepção tradicional do termo conforme supostamente teria se cristalizado nas assim chamadas "mentes primitivas", e era a esse tipo de "deus" que tanto Marx, Freud ou mesmo Nietzsche se referiam, obviamente em contextos diversos.

Mas de lá para cá, graças a desenvolvimentos nas áreas da psicologia, da antropologia e da sociologia, muitas informações novas foram acrescentadas àquilo que veio a ser entendido como o "fenômeno religioso" - a partir de então considerado como inerente à elaboração do psiquismo humano, projetando-se tanto em sua produção artística quanto em suas relações socioculturais - informações estas a que os citados pensadores não tiveram acesso.

Isto não tem nada a ver com acreditar num ser todo-poderoso, eterno, onipotente e onipresente, ainda que ingenuamente antropomórfico ou, em outro extremo, acreditar numa inteligência teleológica que a tudo tenha gerado conscientemente - invisível mas invariavelmente concebida em moldes ridiculamente humanos - até porque tais raciocínios nos levam a contradições absurdas e sem solução.

Porém as idéias existem e Deus seria, antes de tudo, uma idéia radical, um conceito indefinível, um arquétipo, um "meme", e não necessariamente um ente concreto como as religiões tradicionais o querem, mesmo que certos atributos "divinos" (se ousarmos relativizar o termo e ao mesmo tempo nos permitir um exercício de especulação) possam ter sido incorporados - ou serão ainda, quem sabe - por determinadas entidades, materiais ou incorpóreas, orgânicas ou cibernéticas, na vastidão aparentemente caótica de possibilidades infinitas da multiplicidade e de alernativas aleatórias (ou nem tanto) do devir.

As idéias não podem ser responsabilizadas pelas concepções equivocadas daqueles que nelas acreditam e sim o oposto. O pensamento também evolui e se transforma, extraindo vida nova do contato e do intercâmbio entre as culturas e os indivíduos.

Certos conceitos, em virtude de seu próprio estatuto ontológico, tem força e podem mudar o mundo e as consciências, isso é incontestável. E é a concepção de algo como uma espécie de 'ponto zero', uma fonte praticamente inesgotável de energia que brota das trevas subjacentes à mente consciente, um poder difuso e ainda inexplicável - porém patente - o que, em última instância, dá sentido às tradições esotéricas e exotéricas da Antiguidade e posteriores (inclusive aquelas mais recentes) como, por exemplo, os oráculos délficos e o orfismo diosnisíaco da Grécia antiga, bem como outros rituais extáticos em diversas partes do globo e ao longo da História e da mitologia de todos os povos: o xamanismo dos povos nômades primitivos, o hermetismo egípcio, a intuição profética dos antigos hebreus, o zoroastrismo persa, o neoplatonismo, o budismo tântrico, o hinduísmo, o xintoísmo, a meditação zen, o candomblé, a Alquimia, a Gnose, o Espiritismo, etc.

Minha visão pessoal é de que tudo no universo estaria de alguma forma ligado a esta “fonte”, um campo fundamental (como na Física) que a tudo permeia, e que se manifestaria de forma mais visível nos seres vivos, notadamente no homem, sendo, em última análise, a origem do pensamento tanto em sua forma consciente quanto inconsciente; assim, a mente racional (assim como a irracional: a emoção e os instintos) seria não só o resultado de um impulso evolutivo de origem meramente eletro-química em direção a uma complexidade cada vez maior mas também de uma tendência imanente à realidade material e isto se evidenciaria mais claramente nas manifestações psíquicas relacionadas à intuição e a imaginação criativa.

A chave para uma melhor compreensão desta "força", em minha opinião, estaria no estudo aprofundado do inconsciente coletivo, conforme postulado pelo psicólogo Carl Gustav Jung, este "universo subterrâneo" que jaz semi-adormecido nas profundezas da mente humana.


NIETZSCHE É POP?





































Quero mandar um alerta com relação ao grande perigo que corre todo aquele que detêm certo requinte cultural, que é o de desprezar qualquer manifestação artística que tenha o rótulo de "pop" sem nem ao menos tomar conhecimento de seu conteúdo.

Se por "pop" entendermos alguma coisa que é conhecida e admirada por muitos, seria ótimo que a obra de Nietzsche, por exemplo, fosse realmente "pop", o que não é o caso. Realmente as referências a ele estão se tornando cada vez mais frequentes na cultura popular em geral, mas ainda em um nível muito rasteiro.

O perigo que correm suas idéias em nossos dias é de que venham a se tornar "pop" de uma forma mais generalizada enquanto corrompidas por deformações inconvenientes (como ocorreu em sua apropriação parcial pela ideologia nazista). Pois aí correremos o risco de cair naquela outra definição possível para "pop", uma ditadura comportamental demonizando tudo aquilo que está do outro lado.

É fundamental que se conheça a história da filosofia para que se possa ter uma compreensão mais ampla do pensamento de qualquer filósofo, situando-o dentro de um contexto geral. Aliás, não só de história da filosofia, mas também de história da arte, bem como da história humana de uma forma geral, tanto quanto de matemática, ciências naturais (física, química e biologia), literatura, psicologia, sociologia, antropologia, economia, etc. As barreiras acadêmicas determinadas pela pedagogia positivista são, em grande parte, responsáveis pela falta de profundidade reinante no diálogo entre os "saberes" das elites pensantes (e elas sempre existiram e existirão, com maior ou menor grau de responsabilidade social).

Extremamente pertinente a esse contexto é observar-se a interação crescente entre as diversas visões de mundo que permeiam o imaginário da população leiga em geral, promovida em grande parte pela indústria do entretenimento; um choque cultural decorrente da multiplicidade natural, bem-vindo e inerente à historicamente inédita condição de "aldeia global" reinante em nosso planeta e do presente e saudável (pelo menos em tese, ainda que não totalmente concretizado) desejo de vivermos em harmonia com nossos semelhantes, num ambiente de respeitosa convivência democrática.

Justamente por isso o momento atual carece de um novo projeto pedagógico e ideológico no sentido de garantir de forma honesta e sem deformações tudo aquilo de valioso que nos foi legado por pensadores como Nietzsche e tantos outros; principalmente, e isso é fundamental, quando este preconiza não somente a denúncia e o abandono daqueles "velhos valores" que nos impedem de enxergar mais longe (e cabe a nós identificá-los por critérios rigorosos), mas também a reforma de outros tantos, bem como ainda a criação de novos (e eu diria também o resgate de alguns dos "velhos", hoje esquecidos, mas não menos úteis) que nos permitam ir "além". E para tal fim deve-se considerar como importantíssimo o papel do artista, na medida em que esse é um criador de novos mundos e de novas idéias.


APOLOGIA DA PAZ: PALESTINA x ISRAEL (UM DESABAFO)


















Gostaria, antes de tudo, de esclarecer que nem todo judeu é sionista ou apóia a estratégia beligerante do Estado de Israel. O que se passa, hoje, por sionismo, em Israel, é herança do sionismo revisionista, uma facção fascistóide entre inúmeras que existiam, tanto de direita quanto de esquerda (até porque o sionismo nunca foi doutrinariamente unificado e coeso, possuindo diversas versões com propostas divergentes entre si).

Meu pai, ainda hoje vivo, é um judeu polonês naturalizado brasileiro; minha mãe, também viva, é brasileira e nordestina, nascida no estado de Pernambuco, 'meio' católica 'meio' convertida ao judaísmo; e meus avós maternos, ambos já falecidos, eram mestiços (tenho sangue africano, indígena e europeu, com muito orgulho).

Meu pai, apesar de não ter sido uma vítima direta dos campos de concentração nazistas (ao contrário de muitos de seus familiares e vizinhos), então ainda muito jovem, lutou na Segunda Guerra Mundial como sargento do Exército Vermelho soviético contra a ameaça representada por Hitler e sua ideologia criminosa, mesmo não sendo russo e muito menos endossando incondicionalmente as barbaridades cometidas por Stálin, apesar de poder citar muitas de suas realizações em favor do povo nas áreas da educação, da saúde e do bem-estar social (algo que, evidentemente, não justifica os massacres também cometidos por ele contra seus opositores).

Sou, portanto, judeu e (parcialmente) descendente de judeus - meu avô paterno era escritor e tradutor de alguns clássicos da literatura ocidental para o 'iídishe' e meu bisavô um estudioso da 'Kabbalah' - e me identifico com muito do que diz respeito ao judaísmo, mas também sou, antes de tudo, brasileiro e latino-americano. Entretanto, e justamente por minha definição pessoal de judaísmo não estar ligada a uma questão meramente religiosa, cultural ou mesmo étnica, sendo mais uma ligação afetiva que qualquer outra coisa, também me considero um “cidadão do mundo”, cosmopolita, multiétnico e sem ligação formal com qualquer religião organizada ou, mais precisamente, um agnóstico com grande interesse por mitologias comparadas e por todas as antigas doutrinas místicas tanto ocidentais quanto orientais, bem como pelos assim chamados 'fenômenos paranormais' de uma forma geral.

Assim sendo, e tendo em vista minha situação particularmente 'sui generis' no que se refere a experiências pessoais em lidar com diversos tipos de preconceito, sinto-me com isenção suficiente para criticar qualquer manifestação de racismo ou intolerância, venha de onde vier.

Já estou cansado de ouvir pessoas proferirem impropérios contra os judeus ou os muçulmanos em geral e confundirem os atos de alguns grupos e indivíduos com toda uma população, além de fazerem questão de colocarem vendas sobre os olhos para não enxergarem os crimes igualmente condenáveis cometidos por ambos os lados. Não vai ser com acusações unilaterais nem com intolerância preconceituosa que se resolverão os problemas seculares do Oriente Médio.

Acusa-se Israel, por exemplo, e com certa razão, de ter 'roubado, matado e destruído', assim como o povo palestino de ser 'um bando de suicidas irracionais', mas esquece-se de que serão sempre indivíduos e facções a praticar tais atos; não faz sentido, portanto, imputar tais acusações a todo um povo, como não faz sentido acusar a todos os alemães pelo nazismo ou a todos os americanos pela bomba de Hiroshima. E ficar bradando palavras de ordem eivadas de ódio e ressentimento não me parece ser a atitude de alguém que tenha um mínimo de inteligência e bom-senso. Se exageros são cometidos por alguns, eles devem ser expostos e condenados, porém sem essa virulência que põe 'todos os gatos no mesmo saco'.

Diante da complexidade desta situação, quero proclamar em alto e bom som minha posição pessoal em relação ao aqui exposto: sou contra a ação desproporcional e criminosa do exército israelense, assim como também sou contra o Hamas usar a população civil palestina como escudo contra as bombas de Israel; sou contra os ultranacionalistas de direita israelenses que não querem a criação de um estado palestino, assim como sou contra a estupidez dos homens-bomba palestinos que não admitem a existência do estado judeu; sou contra a atitude intransigente dos atuais governantes israelenses, bem como sua falta de visão do futuro, assim como sou contra a prática de ficar revirando o passado a procura de uma justificativa para o ódio, tanto quanto abomino quaisquer tentativas de negar o Holocausto.

Para reforçar ainda mais minha disposição pacifista e conciliatória, concluo fazendo minhas as palavras de Uri Avnery, uma das mais sábias vozes em Israel, quando escreve que, depois de uma vitória militar israelense, “o que ficará marcado na consciência do mundo será a imagem de Israel como um monstro manchado de sangue, pronto para, a qualquer momento cometer crimes de guerra e não preparado para obedecer a quaisquer limites morais. Isso terá consequências graves para nosso futuro no longo prazo, para nossa estada no mundo, para nossa chance de conseguir paz e sossego. No fim, essa guerra é um crime contra nós mesmos também, um crime contra o Estado de Israel”.

Entretanto, seria uma atitude muito ingenua e nem um pouco realista esperar que Israel não se defendesse enquanto sofre atentados terroristas continuamente por parte daqueles que negam até mesmo seu direito à existência. 

Quem se deu ao trabalho de pesquisar o pouco que seja a respeito da história da criação do estado de Israel pela ONU em 1948, conhece a proposta de criação de um estado palestino na mesma época, vizinho ao estado judeu, e que foi rejeitada pela comunidade dos países árabe sob alegações no mínimo discutíveis.

Enquanto ambos os lados não se conscientizarem de que somente através do dialogo e do respeito mútuo às diferenças se poderá conviver em paz e prosperar, ao invés de ceder ao ódio cego e aos interesses escusos de lideranças manipuladoras, seja no Oriente Médio ou em qualquer outro lugar do planeta, tais conflitos irracionais, em nossos dias de armas atômicas, químicas e biológicas, terão eventualmente como consequência inevitável  levar a Humanidade a se aproximar cada vez mais da extinção pura e simples.

Acredito, assim como todo aquele imbuído do mínimo de bom-senso, que tal conclusão não seja do interesse de ninguém. Ou será que a ganância e a estupidez novamente falarão mais alto?           


POST-SCRIPTUM:

Shalom, Salam, Paz a todos.