domingo, 28 de junho de 2009

NIETZSCHE É POP?





































Quero mandar um alerta com relação ao grande perigo que corre todo aquele que detêm certo requinte cultural, que é o de desprezar qualquer manifestação artística que tenha o rótulo de "pop" sem nem ao menos tomar conhecimento de seu conteúdo.

Se por "pop" entendermos alguma coisa que é conhecida e admirada por muitos, seria ótimo que a obra de Nietzsche, por exemplo, fosse realmente "pop", o que não é o caso. Realmente as referências a ele estão se tornando cada vez mais frequentes na cultura popular em geral, mas ainda em um nível muito rasteiro.

O perigo que correm suas idéias em nossos dias é de que venham a se tornar "pop" de uma forma mais generalizada enquanto corrompidas por deformações inconvenientes (como ocorreu em sua apropriação parcial pela ideologia nazista). Pois aí correremos o risco de cair naquela outra definição possível para "pop", uma ditadura comportamental demonizando tudo aquilo que está do outro lado.

É fundamental que se conheça a história da filosofia para que se possa ter uma compreensão mais ampla do pensamento de qualquer filósofo, situando-o dentro de um contexto geral. Aliás, não só de história da filosofia, mas também de história da arte, bem como da história humana de uma forma geral, tanto quanto de matemática, ciências naturais (física, química e biologia), literatura, psicologia, sociologia, antropologia, economia, etc. As barreiras acadêmicas determinadas pela pedagogia positivista são, em grande parte, responsáveis pela falta de profundidade reinante no diálogo entre os "saberes" das elites pensantes (e elas sempre existiram e existirão, com maior ou menor grau de responsabilidade social).

Extremamente pertinente a esse contexto é observar-se a interação crescente entre as diversas visões de mundo que permeiam o imaginário da população leiga em geral, promovida em grande parte pela indústria do entretenimento; um choque cultural decorrente da multiplicidade natural, bem-vindo e inerente à historicamente inédita condição de "aldeia global" reinante em nosso planeta e do presente e saudável (pelo menos em tese, ainda que não totalmente concretizado) desejo de vivermos em harmonia com nossos semelhantes, num ambiente de respeitosa convivência democrática.

Justamente por isso o momento atual carece de um novo projeto pedagógico e ideológico no sentido de garantir de forma honesta e sem deformações tudo aquilo de valioso que nos foi legado por pensadores como Nietzsche e tantos outros; principalmente, e isso é fundamental, quando este preconiza não somente a denúncia e o abandono daqueles "velhos valores" que nos impedem de enxergar mais longe (e cabe a nós identificá-los por critérios rigorosos), mas também a reforma de outros tantos, bem como ainda a criação de novos (e eu diria também o resgate de alguns dos "velhos", hoje esquecidos, mas não menos úteis) que nos permitam ir "além". E para tal fim deve-se considerar como importantíssimo o papel do artista, na medida em que esse é um criador de novos mundos e de novas idéias.


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