[Editado de um texto de autoria de Flávio Henrique Lino publicado no jornal O GLOBO]
Embora o mundo olhe com preocupação para a República Autônoma da Crimeia, a península secessionista ucraniana não é nenhuma novata no palco dos imbróglios internacionais. Travada principalmente na região, entre 1853 e 1856, a Guerra da Crimeia opôs o Império Russo, de um lado, a uma aliança entre o Império Otomano, o Reino Unido, a França e o Reino de Piemonte e Sardenha, de outro.
É considerada por historiadores como a primeira guerra da era moderna, levando para o campo de batalha - e fora dele também - inovações da Revolução Industrial precursoras dos avanços tecnológicos que permitiram as grandes carnificinas dos conflitos armados do século XX.
Na Crimeia novas armas se desenvolveram, com usos mais letais. Mas também foi lá que o mundo viu nascer a figura lendária do correspondente de guerra, responsável por aproximar o público de longínquos teatros de guerra. Aproximação essa facilitada pela utilização do recém-inventado telégrafo para o envio das notícias do front, cortando em dias ou até semanas o trajeto das histórias do campo de batalha às páginas dos jornais.
Tais relatos ficaram ainda mais vívidos com outra inovação recente, a fotografia, que começou ali a tomar o lugar das ilustrações nas publicações, dando início ao fotojornalismo. No campo humanitário, nos hospitais militares da Crimeia forjou-se uma nova forma de atendimento médico, com maior ênfase na higiene e nas condições sanitárias das instalações, diminuindo a mortalidade por doenças.
E também foi das necessidades da guerra que surgiram peças de vestuário amplamente conhecidas em nossos dias.
POST-SCRIPTUM:
Agora só nos resta torcer para que a sanha expansionista do novo "império" russo e os interesses econômicos dos EUA e da União Européia não nos levem a uma nova guerra mundial...
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