O motor de busca na internet 'Google' prestou homenagem, nesta quarta-feira, a Jorge Luis Borges, nos 112 anos de seu nascimento, modificando o tradicional logotipo da página inicial com um desenho inspirado em dois contos do célebre escritor argentino, "A Biblioteca de Babel" e "O jardim dos caminhos que se bifurcam", mostrando a imagem de um ancião de terno e bengala, que olha através de um labirinto de escadas, edifícios e bibliotecas.
A idéia de Borges era a de uma biblioteca em que todos os possíveis livros existissem, representando o universo em sua infinitude, sendo impossível para qualquer ser humano conhecer um pedaço significativo do todo, por mais dedicado que este fosse em sua busca.
Assim, numa tradução literal, um dos extratos deste conto diz que "O universo (que outros chamam a Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no meio, cercados por varandas baixíssimas. De qualquer hexágono se vêem os andares inferiores e superiores: interminavelmente", escreveu Borges.
"Pensei num labirinto de labirintos, em um sinuoso labirinto crescente que abarcasse o passado e o futuro e que implicasse de algum modo os astros", descreveu em "O Jardim...".
Um dos autores mais famosos do mundo nasceu no dia 24 de agosto de 1899, e soube misturar em suas obras fantasia e realidade; seus contos e poemas constituem peças únicas da literatura universal.
O criador de "O Aleph" faleceu no dia 14 de junho de 1986, aos 86 anos em Genebra, onde foi enterrado.
Homenagem mais do que merecida. Borges é, simplesmente, um dos maiores escritores de todos os tempos.
Quem nunca leu, pelo menos, "O Aleph" (Editora Globo), não sabe o que está perdendo. É um livrinho de contos, fininho até, mas duvido que alguém que o tenha lido não tenha passado por uma experiência, ao mesmo tempo, bizarra e gratificante. Fica difícil descrever tal sensação, acho que só lendo mesmo...
Se não me engano o livro está esgotado, mas vale a pena dar uma procurada pelos "sebos" da cidade, podem acreditar.
Na noite de ontem, terça-feira, dia 09 de agosto, ocorreu um sequestro de ônibus em plena Av. Presidente Vargas, uma das mais movimentadas do Rio de Janeiro, e a Polícia Militar mais uma vez mostrou sua incompetência ao abrir fogo contra os bandidos, colocando em perigo a vida dos reféns.
Não vou discutir aqui o motivo do aumento da criminalidade urbana no Rio, mas parece óbvio para qualquer um que a política de segurança pública da cidade (e do estado) é completamente equivocada.
No presente caso, o comando da PM disse estar aliviado em virtude das consequências poderem ter sido piores. Ora, faça-me o favor! É claro que elas poderiam ter sido muito, mas muito piores ("179" lembra alguma coisa?), mas, evidentemente, também poderiam ter sido muito melhores. Vamos ter que contar com a sorte sempre que uma situação semelhante acontecer?
Assistam o vídeo até o fim e constatem os depoimentos de testemunhas confirmando que os disparos que feriram vários reféns partiram DE FORA DO ÔNIBUS, portanto de fuzis e pistolas da Polícia Militar.
Infelizmente, com toda a certeza por ordem direta do prefeito Eduardo Paes ou mesmo do governador Sérgio Cabral, dois reconhecidos 'picaretas' pela população do Rio de Janeiro, este vídeo com a reportagem da TV Bandeirantes foi inexplicavelmente 'caçado' dos arquivos do YouTube e não pode mais ser acessado; fica aqui registrada, entretanto, sua existência e meu veemente protesto contra tal arbitrariedade! Filhos da puta fascistas!
POST-SCRIPTUM:
Semana passada, dia 02 de agosto, a PM confirmou a exoneração de 30 (trinta) agentes da corporação por desvio de conduta.
Entre os expulsos estão um sargento, soldados e cabos. As acusações vão de crimes como formação de quadrilha até tortura e tentativa de homicídio.
Os casos de atuações equivocadas ou criminosas por parte de policiais militares nos últimos anos tem aumentado de forma alarmante, com diversas acusações de extorsão, assassinato, ocultação de cadáveres e desrespeito puro e simples à direitos básicos dos cidadãos, além da ostentação absurda e desnecessária de armamentos pesados nas vias públicas, de dentro dos carros de patrulha (numa atitude fascista que só pode ser compreendida como partindo de homens despreparados em uma acintosa tentativa de intimidação à população em geral, que só pode assistir impotente a tais 'desfiles de carros alegóricos').
Se a cortina de fumaça das UPPs resolve o problema da criminalidade de forma pontual e provisória, não pode ser encarada como uma solução definitiva para uma questão muito mais complexa e que extrapola os limites de uma supostamente meritória e inevitável "guerra às drogas".
Quem assistiu ao filme "Tropa de Elite 2" sabe do que eu estou falando. Apesar de ser uma obra de 'ficção', o discurso do 'coronel Nascimento', no 'Congresso Nacional', no final da fita, resume de forma bem contundente e satisfatória minha opinião a respeito do assunto:
"CHEGA DE POLÍCIA MILITAR!"
O próprio termo é um oximoro: a instituição militar é, por definição, destinada a combater inimigos externos, enquanto que à polícia, necessariamente civil, cabe proteger a população de ameaças à vida e ao patrimônio, no âmbito interno, sem apelar para atitudes truculentas e desrespeitosas ao cidadão ou à parafernálias descabidas e exageradas como, por exemplo, uniformes camuflados, símbolos funestos (caveiras e afins) e armamento pesado de combate, usados geralmente por comandos especiais de forças armadas para atuação em contextos específicos, ou seja, GUERRA declarada entre exércitos (querem nos convencer de que vivemos num estado de guerra civil e não numa situação obviamente decorrente, em grande parte, das desigualdades sociais e do descaso do poder público para com a população mais carente).
Uma polícia exclusivamente civil que, isto sim, atue dentro dos limites da Constituição, com um trabalho competente de inteligência e investigação, em estreita colaboração com o ministério público, bem como com um preparo psicológico e técnico da melhor qualidade aliado à uma formação acadêmica do mais alto nível para seus quadros, além da garantia mínima de comprometimento da instituição como um paradigma ético do tipo "proteger e servir", levado muito à sério e não apenas como letra morta.
A preocupação com bons salários não deve ser subestimada, mas deve vir como corolário a toda uma política de segurança pública comprometida acima de tudo com o bem-estar de TODA a população e não como consequência do mais abjeto corporativismo.
Quanto a questão dos desvios de conduta, o exemplo tem de vir de cima: punição rápida e pesada no âmbito da justiça civil (chega dos privilégios da justiça militar para bandidos fardados) como consequência da comprovação de quaisquer excessos cometidos por policiais (ou, à propósito, por qualquer funcionário público, inclusive e principalmente, aqueles que se arvoram possuidores de mandatos eletivos).
Que fique bem claro que o que estou defendendo é o mesmo tipo de rigor, sempre dentro da lei, para com ladrões e corruptos de todos os matizes e classes sociais - ricos, pobres ou remediados, pessoas físicas ou jurídicas - que ameacem a segurança da população trabalhadora ou que se locupletem indevidamente com o dinheiro público.
O que defendo acima de tudo é o estado de direito e os princípios éticos que deveriam ser a base de sustentação de todo regime democrático e republicano, nada mais, nada menos, e isso, gostem ou não alguns, inclui as garantias constitucionais ao cidadão.
Isso não impede - pelo contrário -, que eu defenda também uma política carcerária mais eficiente e que trate o preso como ser humano, com vistas a sua efetiva reintegração na sociedade, assim como uma política de combate às drogas mais coerente, e eu me refiro a drogas realmente perigosas como o CRACK e não à quase inocente cannabis sativa, por exemplo, que não pode ser comparada ao álcool ou ao tabaco (ambos legais e socialmente tolerados) em termos de prejuízos em todos os sentidos, além de penas BEM mais duras e longas - trabalhos forçados em regiões inóspitas seriam uma opção interessante -, sem recursos ou reduções, aplicadas evidentemente em casos excepcionais bem definidos pela legislação (crimes realmente hediondos, cometidos com requintes de crueldade e por motivo torpe).
Tudo isso sem falar na ampliação do direito legítimo à autodefesa pela população civil contra ameaças específicas à vida e ao patrimônio, por quaisquer meios que se mostrem convenientes, letais (armas de fogo) ou não-letais (bastões de combate usados por praticantes de artes marciais, 'spray' de pimenta, 'tasers', etc.); apesar de apoiar o desarmamento de uma forma geral, não posso compactuar com uma situação em que o cidadão torne-se refém indefeso de criminosos armados "até os dentes": há que observar-se critérios mais realistas para uma situação extremamente complexa.
Situação esta para a qual não defendo a aplicação legal da pena de morte nos casos em que a mesma poderia ser aplicada sem constrangimentos - e, admitamos ou não, todos sabemos muito bem quais seriam estes casos (com pequenas variações, é claro) - pelo simples e sempre lembrado motivo de que, neste país, apenas os pobres e negros seriam condenados à tal penalidade em última e definitiva instância.
Voltando à questão dos maus policiais, não pode haver lenitivo no que se refere ao combate e ao extermínio das assim-chamadas 'milícias', esta praga que infesta a sociedade brasileira e que se arvora do poder de vida e morte sobre vastas camadas da população, tão seguras de sua impunidade que são capazes de assassinar juízes, testemunhas ou mesmo colegas de farda com a mais desprezível e indigna desfaçatez.
Já dizia o ditado: "quem cala consente". Não acredito que muita coisa vá mudar no curto prazo, mas ninguém vai me impedir de expressar minha opinião. CHEGA DE IMPUNIDADE!
Após 15 rodadas do Campeonato Brasileiro de 2011 disputando palmo a palmo a liderança com o Corinthians, as três vitórias seguidas só aumentam a confiança do rubro-negro carioca para o jogo contra o Coritiba amanhã, dia 06, no Engenhão.
Apesar do atraso, não posso deixar de comentar sobre a partida contra o Santos na quarta-feira retrasada (27/07), quando o Mengão estava perdendo de 3x0 para o Peixe e virou o placar, ganhando de 5x4!
Melhor ainda, faço minhas as palavras do jornalista MARCELO ABINADER em sua coluna "Fatos do Esporte" do jornal RJsports em sua edição de terça-feira passada, 02 de agosto, transcrevendo (e editando) parte do texto de sua autoria intitulado 'O REI E O PRÍNCIPE':
"O fato é que, hoje, apenas Santos e Flamengo podem proporcionar tal espetáculo. E apenas um clube com a incrível mística do Manto Sagrado poderia seguir altivo, resoluto e lutador, após tomar 3 gols de um avassalador e completo Santos, em seu reduto. Que outro time enfrenta o Peixe de peito aberto, hoje? O Flamengo o fez."
"Todos já esperavam um jogão, mas ninguém estava preparado para as emoções que viriam. Com bela jogada, o time-base da Seleção abriu o marcador. (...) O segundo gol dos locais parecia ditar o rumo do jogo. (...) Veio, então, a maravilhosa jogada individual de Neymar. Houve quem culpasse este ou aquele defensor, mas naquele lance, Neymar passaria por qualquer um. Foi daquelas arrancadas que poucos podem fazer. O gol era inevitável e merecido. Talvez o placar fosse elástico para o jogo, mas não injusto. Nesse instante, quase todo mundo ficou imaginando de quanto seria a goleada do Peixe. Quase todo mundo! Porque os 11 jogadores do Flamengo continuaram jogando de cabeça erguida, como se não soubessem do placar do jogo e da qualidade do time da casa. Somente eles pareciam ainda acreditar. E, pouco depois, Ronaldinho diminuiu. Pegou a bola e a levou para o meio. Mais três minutos e saiu o segundo gol dos visitantes. Seria possível tal reação? Claro que não! (...) [Então], o inesperado: o terceiro gol do Fla [!!!] (...)"
"O novo gol de Neymar trouxe a questão: então a reação fantástica não terá valido de nada? Mas o até então perfeito garoto do Santos começou a se exibir - e a perder várias divididas - e o Mengo reagiu e, com dois gols de Ronaldinho, fechou a vitória mais fantástica das últimas décadas."
"No fim, constatou-se que, sim, Neymar é pérola rara, habilidoso talento que veio para brilhar, confirmando-se como o Príncipe do nosso futebol. Mas também ficou evidente que o Rei estava do outro lado com a camisa 10."
POST-SCRIPTUM:
É isso aí!
Com Ronaldinho Gaúcho de volta a sua melhor forma, o Flamengo é "Flarcelona" e não tem pra ninguém: vai ser mais uma vez campeão do Brasileirão, partir pra conquista da Libertadores de 2012 e, com as graças dos deuses do futebol, tornar-se bicampeão mundial interclubes! Quem viver verá!
Comparar a passagem da talentosíssima cantora Amy Winehouse pelo cenário da música pop a um cometa em virtude de seu brilho e celeridade é, no mínimo, uma analogia óbvia e que dispensa maiores comentários.
Mas que se dane: ainda estou sob o efeito deletério dos sentimentos de tristeza e estupefação a que a notícia de sua morte me induziram. Admito que melodrama e clichê não sejam as melhores formas de celebrar a genialidade, mas existem coisas que são inevitáveis em determinadas situações (e esta é uma delas, sem dúvida). De qualquer forma, nada pode substituir eficazmente o silêncio respeitoso que deveria impor-se como a atitude mais conveniente a fim de honrar o talento de uma artista como foi Amy Winehouse e de lidar com o vazio de sua ausência.
Tal é a dicotomia que tanto me angustia: sinto a necessidade de aplaudir a artista, mas ao mesmo tempo me irrita a certeza de não poder fazê-lo adequadamente. Além do mais, escrever epitáfios nunca foi o meu forte; certamente não é o tipo de texto cuja leitura me dê qualquer tipo de prazer ou que me inspire de alguma forma significativa.
Independente desses sentimentos conflituosos (ou talvez em decorrência dos mesmos?), sinto-me desagradavelmente compelido a comparar (e lamentar) a similaridade existente entre as trágicas vidas e as fugazes jornadas artísticas de duas outras excepcionais cantoras de jazz e blues - no caso Billie Holliday e Janis Joplin - com as de Amy Winehouse ("wine house": casa de vinho; ironia cruel...), todas falecidas precocemente pelo abuso de álcool e outras drogas.
E que não se veja nessa constatação nenhum ranço de moralismo babaca. Ninguém pode julgar a angústia que trespassa a alma de artistas desse gabarito, cuja elevada sensibilidade os torna mais vulneráveis a dilacerantes conflitos existenciais, sejam eles reais ou imaginários.
De qualquer modo faço questão de deixar registrada minha solidariedade espiritual a Amy Winehouse, seja como a extraordinária artista que foi, seja como ser humano complexo e fascinante. Que sua essência imaterial encontre em outras paragens a paz que não encontrou nesta vida.
YOU KNOW I’M NO GOOD (Amy Winehouse) Meet you downstairs in the bar and heard Your rolled up sleeves in your skull T-shirt You say "why did you do it with him today?" And sniffed me out like I was Tanqueray 'Cause you're my fella, my guy Hand me your Stella and fly By the time I'm out the door You tear me down like Roger Moore I cheated myself Like I knew I would I told you I was trouble You know that I'm no good Upstairs in bed with my ex-boy He's in a place, but I can't get joy Thinking on you in the final throes This is when my buzzer goes Run out to meet your chips and pitta You say when "we're married", 'Cause you're not bitter "There'll be none of him no more" I cried for you on the kitchen floor I cheated myself Like I knew I would I told you I was trouble You know that I'm no good Sweet reunion, Jamaica and Spain We're like how we were again I'm in the tub, you on the seat Lick your lips as I soak my feet Then you notice a little carpet burn My stomach drop and my guts churn You shrug and it's the worst Who truly stuck the knife in first I cheated myself Like I knew I would I told you I was trouble You know that I'm no good I cheated myself Like I knew I would I told you I was troubled Yeah, you know that I'm no good
POST-SCRIPTUM:
Nada mais tosco (e eficiente) que um amontoado de lugares-comuns para garantir que se preserve a memória daqueles que realmente merecem ser lembrados. Fazer o quê? O amor é intrinsecamente brega e a vida uma aventura breve e insensata que nos exige doses generosas de delírio e deboche diluídas judiciosamente em seus interstícios para tornar-se minimamente suportável e até, em alguns momentos, surpreendentemente prazerosa.
Sem nos esquecermos de que humor é fundamental, mesmo que seja do tipo macabro, pois ainda é melhor rir do que chorar...