terça-feira, 29 de março de 2011

E OS OLHOS COR DE VIOLETA FECHARAM-SE PARA SEMPRE...




No dia 23 de março de 2011 morreu em Los Angeles aos 79 anos aquela que era considerada um dos últimos mitos do cinema norte-americano: Elizabeth Taylor. Apesar da imagem desgastada a que foi associada nas últimas décadas, ela será uma eterna referência quando o assunto for o star system hollywoodiano e sua capacidade de atiçar o imaginário dos espectadores.

A legendária atriz – famosa por sua beleza (seus olhos eram cor de violeta), seu estilo de vida glamoroso (e pouco convencional), seus inúmeros casamentos (oito no total) e sua compulsão por colecionar jóias – nasceu em Londres no dia 27 de fevereiro de 1932 e começou a carreira cinematográfica ainda criança, após seus pais se mudarem para os Estados Unidos. Talentosa e respeitada pela crítica, estrelou vários sucessos nos anos 50, entre os quais, 'Um Lugar ao Sol' (A Place in the Sun), ao lado de Montgomery Clift e 'Assim Caminha A Humanidade' (Giant), com Rock Hudson e James Dean. 






Em 1963, estrelou magistralmente 'Cleópatra', ao lado de Richard Burton, que apesar de ter ido bem nas bilheterias, ficou bem abaixo do orçamento, astronômico para os padrões da época (e mesmo para os dias atuais, quando ajustado pela inflação: aproximadamente 305 milhões de dólares em 2009). Vencedora de dois 'Oscar' por sua atuação em 'Disque Butterfly 8' (1960) e 'Quem tem Medo de Virginia Woolf?' (1966), teve também atuações de destaque na versão de Franco Zefirelli para 'A Magera Domada', de Shakespeare, e em 'O Pecado de Todos Nós', dirigido por John Huston e contracenando com Marlon Brando, ambos de 1967.







POST-SCRIPTUM:



Honestamente, eu gostava de Elizabeth Taylor tanto quanto qualquer um – lamento profundamente as circunstâncias deprimentes em que viveu seus últimos anos, bem como sua morte (e não há como negar que era de uma beleza estonteante, sem sombra de dúvida) – mas nunca fui fanático por ela enquanto atriz. 

Agora, do filme 'Assim Caminha a Humanidade' (Giant) eu sou fã de carteirinha! 

Talvez pela presença do mitológico James Dean no elenco (seu último filme, lançado um ano e dois meses após sua morte num acidente de carro), este filme de 1956 dirigido por George Stevens e com roteiro adaptado a partir de um romance de Edna Ferber é importante por vários motivos, não apenas por retratar de forma realista a ascensão dos rancheiros texanos à condição de multimilionários da indústria petrolífera, mas também por sua sub-trama centrada no racismo e na intolerância dirigida aos imigrantes mexicanos, um tema delicado e polêmico para a época, assim como a luta das mulheres por uma maior participação nas decisões sociais, políticas e econômicas de uma sociedade eminentemente machista e patriarcal: um filmaço!





 

sábado, 26 de março de 2011

LEONARD 'SPOCK' NIMOY FAZ 80 ANOS





Leonard Nimoy,  o  ator  que  encarnou  um  dos personagens  mais  icônicos  da TV, do cinema e da cultura popular em geral  a  partir da década de 1960  e  até os dias de hoje,  o legendário Sr. Spock  de  'Jornada   nas   Estrelas'   (Star Trek), completa 80 anos  de  uma vida plena em que se destacou não  somente como ator e diretor, mas também como um talentoso fotógrafo e escritor.


Nimoy nasceu em 26 de março de 1931 em Boston, Massachusetts, apenas quatro dias depois de William Shatner (seu parceiro de aventuras, o capitão James Kirk, em Star Trek), tendo estreado no cinema no início da década de 1950 fazendo pequenas aparições em filmes como Zombies of the Stratosphere e em seriados de TV como Gunsmoke e Dragnet.






O sucesso veio com a série televisiva de ficção-científica 'Jornada nas Estrelas' (Star Trek), que foi ao ar entre 1966 e 1969 (e que completa, portanto, também neste ano de 2011, seu quadragésimo-quinto aniversário) e logo depois com 'Missão Impossível' (Mission Impossible), seriado de ação ambientado no mundo da espionagem, entre 1969 e 1971. Em 1977 ele estrelou a peça Equus, na Broadway, além de ter apresentado um episódio da série televisiva "In Search Of...", do History Channel, que abordava a vida e a obra do trágico e genial pintor Vincent Van Gogh. No cinema, além de atuar em diversos filmes, foi o diretor de Star Trek III (1984) e Star Trek IV (1986), bem como da comédia de sucesso 'Três Solteirões e Um Bebê' (Three Men and a Baby), em 1987, entre outros.







Autor de diversas coleções de poesia, três livros sobre fotografia e duas autobiografias – 'Eu Não Sou Spock' (I Am Not Spock), de 1975, e 'Eu Sou Spock' (I Am Spock), de 1997 – , Leonard Nimoy não pensa em se aposentar, e há boatos de que estaria no elenco de The Hobbit, 'prequel' de 'O Senhor dos Anéis' (The Lord of The Rings), se não de corpo presente pelo menos dublando a voz do dragão Smaug.







Meus sinceros parabéns a este carismático ator que deixou uma marca indelével no inconsciente coletivo de diversas gerações e na cultura popular do século XX. Seu personagem mais marcante, o mestiço comandante Spock, oficial de ciências da nave estelar Enterprise, filho de mãe terráquea e pai alienígena (um embaixador do povo extraterrestre que habita o fictício planeta Vulcano, localizado fora do sistema solar), tornou-se notável por seu comportamento ditado pela mais pura lógica e supostamente desprovido de emoções. Uma de suas citações favoritas era a exclamação “Fascinante!” quando diante do inesperado ou surpreendente.

Como diria o próprio Sr. Spock em sua saudação tipicamente vulcana: “Vida longa e próspera!”.







POST-SCRIPTUM:


Meus mais sinceros parabéns, Sr. Leonard 'Spock' Nimoy! (Eu adoro esse cara...)



sexta-feira, 18 de março de 2011

'LARANJA MECÂNICA' COMEMORA 40 ANOS



“I’m singing in the rain...”

Cantar, sapatear, espancar, assaltar e estuprar eram os passatempos preferidos de Alex DeLarge, interpretado de forma brilhante por Malcolm McDowell na chocante visão do futuro apresentada no filme 'Laranja Mecânica' (A Clockwork Orange) do genial diretor Stanley Kubrick, lançado em 1971 e comemorando, portanto, 40 anos agora em 2011.

O roteiro, baseado no livro homônimo do escritor Anthony Burgess, é ambientado num futuro indefinido, porém aparentemente não muito distante, e conta a jornada de um jovem e amoral arruaceiro que sofre uma lavagem cerebral patrocinada pelo governo com o objetivo de transformá-lo num cidadão exemplar, inserido numa sociedade opressiva e ao mesmo tempo caótica, onde o ser humano foi reduzido a pouco mais que uma máquina.




Considerado por muitos como um dos melhores filmes realizados por Kubrick (ao lado de 'Spartacus', 'Lolita', 'Doutor Fantástico', 'O Iluminado', '2001 – Uma Odisséia no Espaço', 'Barry Lyndon', 'Nascido para Matar' e 'De Olhos Bem Fechados'), 'Laranja Mecânica' causou grande impacto e controvérsia quando de sua estréia ao introduzir na cultura popular o conceito de “ultraviolência”.

'Laranja Mecânica' ganhou com mérito o ‘New York Film Critics Award’ nas categorias de melhor filme e melhor diretor, tendo concorrido a quatro indicações ao ‘Oscar’ (inclusive como melhor filme), na época de seu lançamento. Quarenta anos depois o mundo certamente é um lugar diferente, mas a força deste filme ainda nos envolve, impressiona e causa espanto.





 
POST-SCRIPTUM:



Quem nunca viu este filme e assistir agora, pela primeira vez, não faz idéia da confusão que ele causou na época (início dos anos 70), com uns malucos saindo à noite, na Inglaterra, fantasiados como os integrantes da gangue do Alex, para praticar atos de "ultraviolência" (provavelmente, talvez, na maioria dos casos, a velha baderna conhecida dos 'hooligans'). O próprio Kubrick se viu constrangido (ou quem sabe "educadamente" induzido pelas autoridades britânicas) a solicitar a suspensão da projeção de seu filme em diversas localidades. 



O que alguns viam como a denúncia estilizada de uma sociedade "pasteurizada" e castradora da criatividade individual, outros acusavam de ser um libelo incentivador da violência gratuita. Questão de ponto de vista, má-vontade ou ignorância?         



 





sexta-feira, 11 de março de 2011

RIO CARNAVAL 2011 (A FOLIA CONTINUA)





Quem pensa que o Carnaval acabou na terça-feira está redondamente enganado (pelo menos aqui no Rio). Tem bloco na rua até domingo, dia 13 de março.
Acho que é por causa do clima carnavalesco que eu ando tão complacente e generoso, apesar das notícias desagradáveis que vem da Líbia (sobre o tirano Kaddafi, que manda aviões alvejarem seu próprio povo) e do Japão (sobre o terremoto seguido de 'tsunami' que já matou centenas de pessoas).
De qualquer forma vou continuar a encher a cara e a me divertir como se o mundo fosse acabar amanhã. Quem sabe não acaba mesmo, né?












POST-SCRIPTUM:





Nada a ver com Carnaval; é só pra avisar aos meus dois ou três leitores que todas as minhas postagens, a partir de agora, terão um 'post-scriptum' (pra quem não sabe é latim, algo como "escrito depois"), inclusive retroativamente. Assim sendo, pretendo fazer uma revisitação a tudo que já escreví desde o início deste 'blog' e adicionar desde um inofensivo comentário (já que ninguém mais o faz) até uma crítica mordaz, se eventualmente necessária, em minha nem tão humilde opinião. Tá combinado? Então tá. 


quinta-feira, 10 de março de 2011

OBRIGADO, MULHERES!





Anteontem (08 de março) foi o Dia Internacional da Mulher e, antes de tudo, quero me desculpar com todas elas por esta homenagem ligeiramente atrasada...
Porém, como dizem, antes tarde do que nunca, e, sem receio de parecer clichê, aproveito a oportunidade para agradecer a todas elas por existirem, principalmente àquelas que tiveram uma importância diferenciada em minha vida, de uma forma ou de outra; mas mais especialmente, às várias mães dos meus vários filhos e, correndo o risco de soar mais clichê ainda (tudo bem, hoje estou surpreendentemente generoso e tolerante comigo mesmo...), acima de todas elas, a única mulher que sempre me aturou e ainda me atura até hoje: a minha mãe.
Portanto, dentro deste espírito de generosidade e tolerância que me envolve (mas sem frescura, hein!), resolvi transcrever um trecho do livro “ÁGAPE”, de autoria do padre Marcelo Rossi – que, vejam vocês, minha querida mãezinha me ‘intimou’ a ler (brincadeira, só pediu com muito carinho e eu não me arrependo nem um pouco de tê-la atendido) – e que tem a ver com a data em questão:






“Há uma linda história de mulheres em ‘O Livro das Virtudes II’, de William Bennett, que conta um fato acontecido na Alemanha, na Alta Idade Média. Foi no ano de 1141. Wolf, duque da Bavária, estava cercado em seu castelo, sitiado pelos exércitos de Frederick, duque da Suábia, e de seu irmão, o imperador Konrad.
O cerco vinha de muito tempo e não havia mais nada para ser feito. Wolf resolveu se entregar ao pior de seus inimigos. As mulheres desses homens, entretanto, resolveram enviar uma mensagem a Konrad, pedindo ao imperador um salvo-conduto para elas. Que saíssem do castelo sem nada sofrer e que fossem autorizadas a levar todos os bens que pudessem carregar.
A permissão foi concedida, e os portões do castelo se abriram. As mulheres foram saindo, trazendo uma estranha carga. Não era ouro. Não eram jóias. Não eram pedras preciosas nem vestes ornamentadas. Cada uma vinha curvada com o peso do marido na esperança de salvá-los da vingança do vitorioso.
Diz a história que Konrad, homem bom e piedoso, se comoveu com a linda história de amor. Chorou diante daquela atitude extraordinária e garantiu às mulheres e aos maridos liberdade e segurança. Convidou todos para um banquete e celebrou a paz com o duque da Bavária.
Desde então, o monte de castelo passou a ser chamado de Monte de Weibertreue, que quer dizer ‘lealdade feminina’. Há muitas histórias semelhantes que mostram que não é o ódio que tem o poder de combater o ódio, mas o amor.”

Novamente: OBRIGADO, MULHERES!






POST-SCRIPTUM:


De acordo com pesquisa realizada pela professora de pós-graduação em História Social da USP Maria Regina da Cunha Rodrigues Simões de Paula a primeira mulher diplomada no Brasil foi a médica Rita Lobato Velho Lopes (1867-1960). Segundo pesquisa, com os impedimentos existentes na época, Rita Lobato só pode iniciar seus estudos depois que o imperador D. Pedro II assinasse um decreto-lei. É mole?

domingo, 6 de março de 2011

LÓGICA E FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS FORMAIS


[Autoria de: Itala Maria Loffredo D´Ottaviano (diretora do CLE/Unicamp), Walter Alexandre Carnielli (membro do Conselho Científico do CLE/Unicamp) e Jairo José da Silva (membro do Conselho Científico do CLE/Unicamp, secretário geral da Sociedade Brasileira de Fenomenologia e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Lógica); publicado no JORNAL DA CIÊNCIA em junho de 2006]


O projeto leibniziano de criar, no século XVII, uma lingua characterica, modelada na linguagem matemática, e um calculus ratiocinatur, também de inspiração matemática, em que se poderiam expressar os juízos simbolicamente e raciocinar corretamente de modo tão mecânico como se calcula algoritmicamente, foi uma idéia filosoficamente tão avançada que demandou cerca de dois séculos para frutificar, no século XIX, nos cálculos lógicos de Boole, Schroeder, Peirce, Peano e, principalmente, Frege.







Assim, a lógica simbólica nasceu, ao menos como idéia, no seio da filosofia, em resposta a um anseio essencialmente filosófico; ou seja, a lógica moderna – não menos que a tradicional lógica aristotélica e seus desenvolvimentos posteriores – pertence ao núcleo duro da filosofia. Se tivesse sido efetivamente levada a cabo por seu idealizador, a idéia que Leibniz – um dos criadores do cálculo diferencial e integral – apenas esboçou teria dado origem a uma revolução sem precedentes na história do pensamento. Teria sido criada uma filosofia simbólica e exata em que opiniões teriam dado lugar a teses demonstráveis (ou refutáveis) e intermináveis debates filosóficos cederiam seu espaço ao cálculo simbólico: “não discutamos, calculemos”, esse seria o mote.








Frege acreditava, no final do século XIX, que havia, pelo menos em parte, realizado o projeto leibniziano. Ao criar um sistema simbólico com uma linguagem adequada ao pensamento matemático e um conjunto de regras para a derivação de expressões simbólicas, Frege queria apenas demonstrar a pura logicidade da aritmética, mas fez mais que isso, apesar de ter malogrado em seus intentos originais. Ele criou a lógica simbólica, formal e matemática moderna, muito além da ciência aristotélica que Kant, no século XVIII, julgara acabada.



O que cabe notar, e que particularmente nos interessa salientar, é que a criação da lógica moderna responde a aspirações fundamentalmente filosóficas e se associa a um projeto fundacional em matemática: reduzir a aritmética à lógica e demonstrar (contra Kant) a tese filosófica da analiticidade da aritmética.






A lógica moderna nasce de braços dados com a filosofia, em particular com a filosofia da matemática e com o que poderíamos chamar da filosofia da computação, entre outras. Além do logicismo fregeano, dois outros grandes projetos fundacionais surgiram em matemática: o formalismo hilbertiano e o intuicionismo brouweriano. Hilbert deu mais uma guinada na lógica no rumo da contemporaneidade: ele a fez estritamente formal, além de criar a metamatemática, isto é, o estudo matemático de teorias matemáticas formalizadas.

O objetivo de formalizar o conhecimento matemático e demonstrar a sua consistência formal por métodos em certa medida intuitivos fracassou frente aos dois teoremas de Gödel, mas tanto o projeto original de Hilbert quanto os resultados de Gödel deixaram marcas na lógica, a teoria da prova e a teoria formal dos procedimentos algorítmicos que temos hoje.




Com a definição formal de verdade de Tarski e a concepção de computabilidade de Turing, mais uma vez o desenvolvimento da lógica respondia a inquietações de natureza filosófica (e reciprocamente, a lógica reforçava a sua contribuição efetiva ao esclarecimento filosófico). O intuicionismo, ainda mais intensamente que o logicismo fregeano e o formalismo hilbertiano, vicejou em campo filosófico. Todo o projeto fundacional de Brouwer respondia à necessidade de refundação epistemológica, ainda que restrita ao domínio do conhecimento matemático. 

E ele também nos legou uma fatia de progresso lógico, ao permitir-nos conceber sistemas lógico-formais alternativos, no caso a lógica intuicionista, e toda uma dimensão de estudos meta-lógicos. Mais uma vez a lógica se beneficiava da labuta fundacional e suas preocupações filosóficas.




Por outras razões, de natureza também filosófica, a primeira metade do século XX assistiu ao eclodir das lógicas não-aristotélicas, conhecidas como lógicas não-clássicas, entre elas as lógicas modais, lógicas intuicionistas, lógica polivalentes, lógicas relevantes, lógicas difusas, entre outras.

Isso tudo nos mostra, inequivocamente, o quão filosófica é na origem a moderna lógica simbólica, e reciprocamente, quão potente é a lógica simbólica como instrumento metodológico da filosofia. Símbolos, como acreditava o próprio Leibniz, são potentes auxiliares do pensamento.






Grande parte da filosofia do século XX não existiria sem o aporte da lógica simbólica e formal; por exemplo, o primeiro Wittgenstein, o projeto filosófico de Carnap e todo o positivismo lógico do círculo de Viena, a filosofia de Russell, a semântica e a filosofia da linguagem modernas, a filosofia formal de Montague, as contribuições extremamente importantes de Kripke e Quine a domínios centrais da filosofia e da lógica, e tantos outros pensadores e perspectivas filosóficas. Além, claro, da filosofia das ciências formais, que teve sua origem nos já mencionados projetos fundacionais do início do século XX.

Há que se salientar, nos anos 50, o surgimento das lógicas paraconsistentes, cujo berço brasileiro projeta nosso país no cenário científico e filosófico mundial; Newton Carneiro Affonso da Costa é um dos seus fundadores. Tanto quanto no caso da concepção intuicionista, a concepção paraconsistentista da lógica levou a uma noção de progresso lógico que se refletiu em particular na comunidade científico-filosófica brasileira. No Brasil sempre foi intensa a interação entre lógicos matemáticos e filósofos cujas preocupações inserem-se na tradição acima referida.




As contribuições originais de da Costa e de sua escola à lógica formal, de notável repercussão internacional, sempre estiveram em diálogo cerrado com problemas filosóficos, e a criação do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE) da Unicamp por Oswaldo Porchat Pereira em 1977, iconiza essa interação entre lógica e filosofia.

Os lógicos brasileiros que se dedicam à pesquisa ativa em lógica contemporânea são altamente considerados pela comunidade científica internacional, com trabalhos inclusive de repercussão em aplicações tecnológicas estratégicas tais como o tratamento de informação em condições de incerteza, teoria de sistema e complexidade, computação quântica, entre outros.








POST-SCRIPTUM:




Para quem nunca ouviu falar em Lógica Paraconsistente aconselho, pelo menos, uma rápida pesquisa no Google. Posso garantir que vale à pena. De qualquer forma voltarei ao assunto em futuras postagens...