[Editado de uma reportagem de Claudia Sarmento publicada no jornal O GLOBO]
Os quadrinhos criados no Japão, com sua estética única, são uma referência mundial, tão pop quanto o sushi. Mas são uma arte que está sob bombardeio.
Muitos dos desenhos animados japoneses - os animês - que marcaram diferentes gerações de espectadores, nasceram como mangás. Dos heróis de capa preta de "Matrix" à francesinha Amélie Poulin, o cinema ocidental busca frequentemente inspiração nos quadrinhos nipônicos.
Eles também estão na raiz das multidões de cosplayers que se reúnem em convenções tanto no Rio quanto em Seul, fantasiados de personagens como Astro Boy, Naruto ou Sailor Moon. O traço japonês, acompanhado por histórias densas, parece mais influente do que nunca, mas as vendas de mangás estão despencando, atingidas, como toda forma tradicional de entretenimento por uma nova realidade.
Cristopher McDonald, responsável pelo site Anime News Network, uma das mais respeitadas fontes sobre quadrinhos e animações japonesas, concorda que a web, sempre apontada como a vilã que está afundando negócios tradicionais, pode também ser encarada como salvadora, desde que a indústria saiba se adaptar aos novos tempos.
Um passeio a Akihabara, bairro de Tóquio que é considerado a meca dos fãs de mangás, animês e tudo que gira em torno dessa estética, elimina qualquer sensação de crise. O lugar está sempre cheio. Para os leigos parece um universo paralelo, onde bonecos são comprados por milhares de dólares, marmanjos se vestem de super-heróis e garçonetes usam vestidinhos de babado com meias 7/8, e falam com voz infantil, como se todos os clientes tivessem 12 anos. A realidade ali não tem a menor importância.
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