quarta-feira, 31 de julho de 2013

O PAPA E O PECADO



["A CARNE NÃO É TERRITÓRIO DO PECADO" por JUAN ARIAS, correspondente do 'El País' no Brasil e autor de "Jesus, esse grande desconhecido", entre outros livros; publicado originalmente no caderno 'PROSA E VERSO' do Jornal O GLOBO em 27.07.2013] 


Nunca se disse tanto que o catolicismo, para se salvar da sangria que o assola, precisa voltar a suas raízes, a suas origens, que começam na Palestina com os ensinamentos do profeta judeu Jesus de Nazaré.







Com o Papa Francisco voltou-se a falar ainda mais sobre a urgente necessidade de a Igreja recuperar suas essências. Ela nasceu, na visão de Jesus, como uma abertura do judaísmo a outros grupos não judeus em nome de um Deus que era pai de toda a Humanidade.






Quando se diz que o cristianismo deve se desprender da influência que recebeu no século IV do Império Romano e da contaminação platônica da filosofia grega com Santo Agostinho, pouco se fala de um ponto fundamental: recuperar a teologia do corpo, a ideia de que, como sempre defendeu o judaísmo que influenciou as primeiras comunidades cristãs, não existe diferença entre corpo e alma.





Até Paulo de Tarso, a dignidade do corpo é inseparável da atribuída à alma ou ao espírito. Só com a influência helênica o cristianismo se contamina e começa a ver o corpo como a 'prisão' do espírito e, portanto, 'território do pecado', influenciando fortemente a ética sexual.




Para Santo Agostinho, já influenciado pela filosofia grega, o homem é "uma alma racional que tem um corpo mortal". O corpo passa a ser secundário e perigoso para a santidade.




Por sua vez, a cultura judaica, na qual bebeu o primeiro cristianismo, foi diametralmente oposta à da Igreja de hoje. No judaísmo não existe a vergonha pelo corpo e, em consequência, pela sexualidade. Para o judaísmo, o pecado original não é o sexo.





Esse divórcio entre corpo e alma contaminou todo o universo da sexualidade na Igreja e acabou caindo sobre a mulher, considerada objeto de tentação sexual e, por isso, afastada do sacerdócio que lhe havia sido inato nas primeiras comunidades cristãs, quando nem o corpo nem o sexo eram vistos como território do mal.





E assim a mulher continua sem poder ser dona de seu corpo, com todas as consequências que isso traz.





O dualismo entre corpo e alma, introduzido no cristianismo a partir do século II, quando se distancia de suas raízes judaicas, acabou condicionando toda a ética sexual da Igreja até hoje.





Só no Concílio Vaticano II defendeu-se, por exemplo, que a sexualidade, além de um instrumento de procriação, pode ser um novo modo de comunicação humana.





O Papa Inocêncio III chegou a sustentar que o Espírito Santo se ausentava do quarto quando um casal mantinha relações sexuais, já que, segundo ele, o ato sexual, ainda que lícito, "envergonha Deus".





Diz-se que Francisco é o Papa do 'do corpo', que não teme o contato físico. Em seus quatro meses de pontificado, beijou mais pessoas, crianças e adultos, do que outros Papas em toda sua vida. 





Talvez seja essa falta de medo do tato, da corporeidade, que faz Francisco ser amigo de muitos judeus, para os quais o corpo não é inimigo da alma, e sim o grande companheiro das relações verdadeiramente humanas e não só espirituais ou sublimadas.





Se analisarmos os sacramentos da Igreja, em sua origem, são todos sacramentos 'do corpo'. São realidades que se transmitem por meio do corpo, desde a eucaristia até o batismo ou a extrema-unção. A graça sempre atravessa o corpo, que é 'obra de Deus', e não 'instrumento do demônio', como defenderam tantos teólogos conservadores. Falando a uma devota que se gabava de dar sempre esmolas a um mendigo, Francisco perguntou: "Quando entrega a moeda ao irmão mendigo, você a joga ou a coloca nas mãos dele, tocando nelas?"                                   




O Papa que se despojou de todos os símbolos de poder de uma Igreja que se envergonha do corpo e coloca a virgindade acima do matrimônio busca o contato corporal com as pessoas. Ele pediu aos sacerdotes que tirem a poeira da antiga prática cristã de pousar as mãos sobre a cabeça dos fiéis para abençoá-los. Francisco entendeu que, para ter credibilidade e responder aos novos desafios apresentados pela ciência e a ética modernas, a Igreja não pode continuar a se refugiar no medo da corporeidade, nem continuar a defender que o corpo é a fonte do pecado. Ela deve abrir novos caminhos do que ele chama de 'teologia do encontro'.





Quando se refere ao ecumenismo, às diferenças que separam até os que se professam filhos de um mesmo Deus, Francisco dá o exemplo de que nas veias de crentes e não crentes "corre o mesmo sangue" e, por isso, devemos nos sentir parte de uma mesma 'família'. Todo o resto, para ele, é ideologia.





Sua fonte de inspiração, na verdade, é Jesus de Nazaré, que escandalizou os próprios apóstolos pelo pouco medo que tinha do tato, da corporalidade. Ele se deixava lavar os pés por uma prostituta e curava os doentes 'tocando-os' fisicamente. E até usava sua saliva para curar os cegos.




CLEMENTINA DE JESUS

O medo do corpo, da sexualidade, do abraço com o irmão, levou a Igreja a se converter em uma religião 'asséptica', com vocação mais para anjos do que para humanos? Pois bem, a essência do cristianismo não é a 'encarnação' e a 'ressurreição', esta última não só das almas mas também dos corpos? E os corpos estão atravessados pela sexualidade e pelo prazer do encontro. Juntos, corpo e alma se salvam ou se condenam.





CARLINHOS DE JESUS


POST-SCRIPTUM:



Concordo entusiasticamente com a opinião do jornalista e escritor Juan Arias em relação à necessidade urgente da Igreja católica acomodar-se aos tempos atuais e tornar-se mais 'humana' e menos 'celestial', bem como com sua simpatia e otimismo para com o Papa Francisco I. Infelizmente, todos nós sabemos que "uma andorinha só não faz verão". Existe no seio da Igreja uma forte resistência conservadora que dificilmente aceitará aquilo que eles consideram como 'modernismos sacrílegos'. Entretanto, a postura do novo Papa em relação aos gays e a todo tipo de intolerância, por exemplo, alimenta esperanças de uma possível abertura da Igreja para um cristianismo real e não apenas 'de fachada'. Sonhar não custa nada... 




segunda-feira, 29 de julho de 2013

VOTE NULO!









POST-SCRIPTUM:



EM 2014 VAMOS MOSTRAR A ESSA CORJA O QUE ELES MERECEM: O OLHO DA RUA! POIS O SACO DO POVO JÁ TÁ MAIS QUE CHEIO, ELE JÁ ESTOUROU! CHEGA DE PARASITAS E INCOMPETENTES!



AMARILDO ESTÁ MORTO?






Amarildo Dias da Silva, pedreiro por profissão, apelidado  de 'o Boi', 47 anos e morador na Favela da Rocinha, em São Conrado, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, foi visto pela última vez num domingo, dia 14 de julho de 2013, quando foi preso pelos policiais da UPP daquela comunidade, supostamente para prestar 'esclarecimentos', não sendo mais visto desde então.





Elisabete Gomes de Souza, mulher de Amarildo, não tem mais esperanças de que ele esteja vivo, o que realmente é bem pouco provável devido ao tempo já decorrido desde seu desaparecimento. Segundo a Polícia Militar, Amarildo teria sido liberado horas depois, só que não existem testemunhas da saída do mesmo das dependências da UPP.





"Já procuramos e não há resposta para o desaparecimento dele. Mataram meu primo. Podem devolver o corpo?" - desabafou Luiz Antônio Mota, primo de Amarildo, durante manifestação no último dia 19 por pelo menos 50 moradores da Rocinha na Autoestrada Lagoa-Barra. O delegado da décima-quinta delegacia de Polícia Civil (Gávea) é o responsável pelo caso.



POST-SCRIPTUM:



MAIS UMA VÍTIMA DA PM ASSASSINA! DEVOLVAM PELO MENOS O CORPO À FAMÍLIA, SEUS COVARDES!

  


FORA!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

ROCK E RAP



Desde as manifestações mais violentas por todo o Brasil contra os desmandos dos nossos políticos e a repressão da polícia fascista (haja vista a postagem anterior que exemplifica a violência que se instalou no centro da cidade do Rio de Janeiro), tanta coisa aconteceu que fica até difícil colocar o pensamento em perspectiva. 


O Brasil entrou no circuito da espionagem; que legal, né? Aqui ó, seus espiões da C.I.A. ou do N.S.A., vão todos tomar no cú, falou? Vêm cá me pegar se vocês puderem, ha,ha! Ninguém me convence de que tudo isso não foi combinado com antecedência pra desviar a atenção das cagadas dos E.U.A. e seus 'parceiros comerciais'. E eu que esperava tanto do Obama...  




Mas vamos em frente. Sábado passado foi o Dia do Amigo. Podia muito bem ser o Dia da Falsidade que dava na mesma. Já no sábado retrasado foi o Dia do Rock. Prá mim tanto faz se foi o dia do samba-tango ou da rumba universitária. Sempre gostei de rock e esse papo de ter dia disso, dia daquilo, não passa de uma jogada comercial pra faturar mais (nossa, pensei que nunca mais fosse usar esse clichê!).


Bom, já que estamos falando no dito cujo, e independentemente de existir um dia oficial para o mesmo, aqui vai mais uma das minhas homenagens oficiais atrasadas. Fuck it.




Tem dois caras que já morreram não faz muito tempo a quem eu sinto estar devendo minhas reverências e, portanto, vou aproveitar a oportunidade: Chorão e Sabotage. É rock, é rap, é som da pesada (a base é 'Back in Black' do AC/DC). Quem não gosta vai a merda. Beijos...


POST-SCRIPTUM:









Marginal Alado

Pra mim uma rima louca é tipo pá, aprendizado
Que muda todo o quadrado, e deixa os mano ligado
Que vida cobra muito sério e você não vai fugir,
Não pode se esconder, e não deve se iludir
Toca na ferida, tipo rap nacional, como fez o Mano Brown, Revolução mental

O barato vai batendo no estéreo do meu carro,
Quando tá rolando um rap, eu só escuto, eu não falo
Eu sou cara branco que admiro a negritude, Mikimba, Sabotage, Nêgo Aplique, Rappin' Hood.
O que vale é atitude, e atitude ali não falta
Sujou Sandrão, é os homens não é escolta


Sai voado, tipo marginal alado, mais rápido do que o aço dos ratos [4x]

Vem comigo na trilha sonora, o sol brilha lá fora, e segue o sol até o pôr, e é agora
Escorrega mas não cai, os mano aqui não fica atrás, é só idéia forte, e as rimas são demais
RZO, os cara, rica rima, rima rara, os boys fica de cara, e a batida aqui não pára
Tipo idéia como bala, que vara a sua cara
As rimas de Sandrão e Helião, batem no meu coração,
Como se fosse marca-passo, o veneno é puro aço!
Levou aço um abraço...


Sai voado, tipo marginal alado, mais rápido do que o aço
do ratos [4x]


Aê ladrão!
Alô Chorão, já são 3 horas da tarde, é sabadão
e não tem show, 'tou num pinote brabo
Se tá ligado, aqui é raro, faltar com combinado, peguei o seu recado
Quem é ninja não toma esculacho
Vários manos firmeza, deram porto, escassos pelo esboços, injustiça, imploro
Perante ao povo, eu não me acho, pois sim, sei o que faço

Favela pinta um quadro [ Sim ]
Eu sou Picasso, hé, os obstáculos, é greve, é roubo de carro
O que é aquilo? Imprevisível, fui tão nítido, se liga é claro
A cada dia um Morto-vivo, tem que andar ligeiro, tem maçarico, estopim, acende o tempo inteiro
Na fé quem é do corre, do corre, não se envolve, não é locke
Na fé, quem é do corre eu sei que sofre, pois sim resolve

Chorão e Charlie Brown, Sabotage
Pra rima, também 'tou nobre, pode crer!
Aê, quem é ninja eu sei, não merece esculacho
Se tá ligado, um abraço!
Mas aê mano tô no pinote, mais rápido do que o aço!


Sai voado, tipo marginal alado, mais rápido do que o aço
do ratos [4x]


A mesma família de toda família, a grande família da mesma família
Charlie Brown e meu mano Sabotage, Dj Franja, colou na banca
Fica a vontade!