domingo, 28 de junho de 2009

INTERPRETAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO REAL




















Nietzsche observou sabiamente que não há fatos, só interpretações. Nesse contexto, segundo ele, a "coisa-em-si" é um conceito sem sentido.

Tomemos portanto tal entendimento como verdadeiro em toda a sua radicalidade e exercitemos nossa imaginação...

Pegando empréstimos a Heidegger, Jung e Cantor, bem como à Mecânica Quântica e ao Taoísmo, podemos dizer que o Ser manifesta-se simultaneamente – o paradoxo em ação – como onda (inconsciente coletivo) e como partícula (inconsciente individual) e só se define por sua relação biunívoca com os entes privilegiados, ou seja, os egos dotados de razão (assim como provavelmente estes entre si), num regime silencioso de interdependência e incessante intercomunicação sincrônica e intuitiva que não se esgota justamente em função da transfinitude ontológica de suas dimensões matemática, espaço-temporal e, por falta de um termo melhor, espiritual (ou psíquica), num equilíbrio dinâmico e bipolar característico da multiplicidade, em que tanto a Vida (expansão, "luz", afirmação, explosão criativa) quanto a Morte (contração, "trevas", negação, decadência estéril) pulsam dialeticamente como no simbolismo do yin/yang, o positivo em conflito e ao mesmo tempo em harmonia com o negativo.

A aparente "salada conceitual" é proposital e mesmo inevitável porque simbólica, poética, vital e dionisíaca (a interpretação do que seja a arte, a ciência e a filosofia pode ter muito mais em comum do que geralmente se supõe).

Uma noção holística de totalidade imanente, mesmo que relativa, é extremamente relevante na manutenção do ordenamento da informação, além de fundamental para o incremento da complexidade e de sua replicação e disseminação ou, em outros termos, para a afirmação do fenômeno da vida – seja este entendido como o "élan vital" de Bérgson, como o "Espírito" de Hegel ou como subproduto da matéria bruta – em oposição ao avanço da entropia, além de ter a útil vantagem de transformar em falso problema a questão platônica dos dois mundos.

Não sei se me faço entender em minha tentativa de colocar numa justaposição aparentemente contraditória, simultaneamente de contraste e de afinidade, tão díspares interpretações ou visões de mundo, mas essa é a minha forma de representar a guerra heracliteana, as "águas do rio" que nunca são as mesmas (e, no entanto, são), tendo o paradoxo como foco de minha intervenção quântica no real.

Se não ousarmos sintetizar de forma coerente, com vistas a uma possível e futura concretização, tudo aquilo de crítico e criativo, porém afirmativo e útil – em última análise de pragmaticamente bom, diferentemente do tradicional moralismo colocado pela oposição do "Bem" contra o "Mal" – que os melhores representantes do gênero humano tiveram a nos oferecer ao longo da história do pensamento em termos de verdadeira sabedoria, então não merecemos transpor o abismo que nos separa do "para-além-do-homem".


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