segunda-feira, 14 de abril de 2014

AGENDA OCULTA


[Editado a partir de um texto de STEPHEN KANITZ]



Muitos escritores, cientistas e formadores de opinião usam e abusam de nossa confiança. Sutilmente nos enganam para defender os próprios interesses. É o que em epistemologia chamamos de "agenda oculta". Quanto mais velhos ficamos, mais percebemos quanta agenda oculta existe por trás de quase tudo o que é escrito hoje em dia no Brasil e no mundo. É simplesmente desanimador.

Prefiro sempre artigos que apresentam tabelas, números e outras informações concretas em vez de "idéias", opiniões e indignações. É justamente isso que editores de livros no mundo inteiro nos aconselham a evitar, porque senão "ninguém lê", o que infelizmente é verdade. Mas é justamente isso que deveria ser lido.



Ignoramos solenemente os que fazem parte de nossa Academia Brasileira de Ciências, que descobrem a essência do que ocorre na prática, as causas de seus efeitos, os que usam o método científico de análise. O último acadêmico de ciências nem sequer foi noticiado pela imprensa brasileira.

"Imortais" no Brasil são aqueles bons de bico, que nos seduzem com belas frases e palavras, pois somos um país do "me engana que eu gosto". Nosso descaso com ciência, estatísticas, equações, dados, números, análise científica é a causa de nosso atraso. Porque não nos preocupamos com ciência, viramos o país da mentira.



Muito do que se escreve, até em livros de filosofia, vem, na realidade, de pessoas justificando sua vida, seus erros e suas limitações. Elas têm uma agenda oculta que cabe a você descobrir. Quando alguém sai propondo maiores gastos em educação, sempre indago se não é mais um professor querendo maiores salários, pagos por impostos, "impostos" à sociedade.

Notem como 95% desses artigos pedem verbas, vinculações de verbas e mais verbas, e nenhum discute quais as novas matérias que seriam ensinadas. Omitem invariavelmente o fato de que hoje, nas universidades, algo em torno de 50% dos alunos nem terminam o curso - e por volta de 50% dos que terminam não exercem a profissão. Este é um problema resolvido com mais verbas ou com uma urgente reforma no conteúdo educacional?




Se não mudarmos nossa mentalidade, se não nos preocuparmos em detectar a agenda oculta de todos aqueles que nos pregam alguma coisa, pagaremos caro pela nossa falta de vigilância epistêmica.

Seremos sempre presas fáceis dos que falam bonito e escrevem melhor ainda.


POST-SCRIPTUM:

Concordo em boa parte com o autor, mas não podemos perder de vista que nem tudo que é literatura ou filosofia é "conversa prá boi dormir", senão corremos o risco de descartar muita coisa pertinente como desimportante, certo?

 




VICIADOS EM INTERNET


[Editado a partir de um texto da autoria de WALCIR CARRASCO]


O ciberviciado entra em síndrome de abstinência se não estiver plugado. É fácil reconhecê-lo: em locais públicos tecla nervosamente o celular à procura de um conexão. Assume uma expressão de alívio quando consegue trocar duas ou três palavras com alguém que nem conhece pessoalmente. Eu mesmo já me aproximei perigosamente do cibervício.

Para algumas pessoas, o uso contínuo da internet tem impacto no trabalho, nas relações de amizade e também nas afetivas. A pesquisadora americana Kimberly Young fundou o  Center for Online Addiction, em Bradford, na Pensilvânia, para tratar ciberviciados. Como nos EUA existem grupos para tudo, lá funcionam os de apoio para ciberviúvas - esposas de viciados em relações amorosas, pornografia ou apostas pela internet.


A compulsão já é tratada em vários outros centros especializados nos EUA. O fenômeno é mundial. O hospital londrino Capio Nightingale também oferece sessões de terapia a jovens viciados no computador.

Na Coréia do Sul, o tratamento procura estimular as relações face a face e trabalhos manuais, para criar outros interesses entre os ciberviciados. Desde 2008 o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo iniciou o tratamento de jovens com dependência tecnológica, incluindo em videogames.



São raros os pais que detectam quando o adolescente começa a usar drogas tradicionais. O cibervício também é enganador. Pais tendem a acreditar que mexer com computador é sinal de inteligência. Preferem o adolescente em casa que na balada. É um erro. No mínimo, os ciberviciados afastam-se do convívio social importante para sua formação.

Há quem diga que o viver on-line é tão perigoso quanto consumir cocaína ou qualquer outra droga. Talvez seja exagero. Mas o cibervício pode afetar perigosamente a vida do dependente e destruir sua qualidade de vida.


POST-SCRIPTUM:


Olho vivo papais e mamães: tem maluco no Japão que mora, quase que literalmente, em lan-houses