quinta-feira, 6 de março de 2014

O ATO ANALÍTICO (5)




[Trecho extraído do livro 'short story: os princípios do ato analítico', de Graciela Brodsky, publicado pela Contra Capa Livraria]


Aonde tudo isso nos leva?

"(...) suponhamos o ato analítico a partir do momento seletivo em que o psicanalisante passa a psicanalista".

Isso quer dizer que o ato de que se trata agora não é o de César atravessando o Rubicão. Agora, César é o analisante e o Rubicão, o momento em que diz: "Sou psicanalista". 


É disso que se trata. Antes, era analisante, paciente; agora, analista. Não tem nada a ver com o exercício profissional, com o exercício da psicanálise como prática social.

É um instante, um instante que só se deduz de uma análise, um instante em que se muda de posição. É isso o que Lacan interpreta para dizer à comunidade analítica que o analista se esquece desse momento.


Há, portanto, algo fatalmente difícil para um analista em dizer "sou". De modo geral, a comunidade leiga também lhe cobra essa definição: você é psiquiatra, psicólogo, pode dar receitas? Ela não tem de saber o que é um analista, mas há problemas quando o próprio psicanalista não sabe.

Esse momento em que poderia dizer "sou analista" está, como diz Lacan, "esquecido".



POST-SCRIPTUM:

E então? Não tem certeza de nada? Não sabe o que fazer de sua vida? Tudo parece inútil e sem sentido? Qual o objetivo disso tudo?

Cruze o Rubicão: seja seu próprio analista!

E relaxe fumando um 'baseado' do bom, ao lado de companhias agradáveis, uma garrafa de vinho e música de qualidade...

(Se não for possível ter todos esses itens ao mesmo tempo não tem problema: um ou dois já são suficientes)

Quem sabe você não se surpreende?

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